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Ano Calendário – Por André Aguiar

Há em mim uma constante curiosidade em conhecer sobre aqueles Reis que vieram de longe adorar o Menino Deus Jesus em seu nascimento.

Descobri dentre outras coisas que na verdade eles eram Astrônomos que buscavam os sinais dos Céus para compreender o tempo.

Para eles, com o nascimento daquele Rei Menino, o tempo terrestre estava marcado, zerado, o antes (a.C.) e o depois Dele (d.C.), todos os caminhos convergiam para aquela gruta em Belém, tendo a estrela os conduzido com precisão.

O Santo Bispo de  Hipona, o Agostinho, o grande Filósofo , com forte influência do pensamento de Platão e de Plotino, diz que “o passado não existe mais, o futuro ainda não chegou e o presente torna-se pretérito a cada instante . O que seria próprio do tempo é o não ser. O passado existe, por força de minha memória, no presente. Da mesma forma, o futuro existe, por força da expectativa de que as coisas ocorrerão, no presente. E o presente seria a percepção imediata do que ocorre. Os tempos são três: presente das coisas passadas, presente das coisas futuras e presente das coisas presentes. Portanto, o tempo é subjetivo, pois o modo como nos referimos às coisas depende totalmente de elementos internos (memória, expectativa, sentimento etc.), a apreensão ontológica do tempo não é possível. O que colocamos em relações temporais são impressões mentais – tempo passado, memória; tempo futuro, expectativa; tempo presente, passado presente e futuro presente”. (retirado do livro As Confissões).

Santo Agostinho, diz ser muito difícil discorrer sobre o tempo e o desenvolve como subjetivo, isto é, como a maneira (humana) de se relacionar com as coisas que passaram, passam e passarão.

Diz o filósofo que é Deus mesmo o criador do tempo e “não houve tempo nenhum em que não fizésseis alguma coisa, pois fazíeis o próprio tempo” (Santo Agostinho, 1987, p.217).

Ele diz ainda que o passado não existe mais, o futuro ainda não chegou e o presente torna-se pretérito a cada instante. O que seria próprio do tempo é o não ser. … Os tempos são três: presente das coisas passadas, presente das coisas futuras e presente das coisas presentes.

Mas, o que é o tempo? Ele sempre existiu? Teve um começo? Começou com o início do Universo? Havia tempo antes do início do Universo? O tempo é uma ilusão? Respostas têm sido buscadas pela filosofia.

O Santo que até os agnósticos são forçados a lê diz que o tempo só é tempo porque o medimos, caso contrário seria a eternidade, e esta, só pertence a Aquele que é eterno, Deus, o único uni presente.

No ano calendário Gregoriano, também conhecido o Calendário Ocidental chegamos hoje ao final de 2020.

O calendário Gregoriano surgiu em virtude de uma modificação no calendário Juliano, realizada em 1582, para ajustar o ano civil, o do calendário, ao ano solar, decorrente do movimento de elipse realizado pela Terra em torno do Sol. Antes de Júlio César (100 a.C. – 44 a.C.), o calendário que vigorava em Roma era dividido em 355 dias e 12 meses, o que causava um grande desajustamento ao longo do tempo, pois as estações do ano passavam a ocorrer em datas diferentes.

Calcular o tempo e observar o céu é crucial para os papas há muito tempo. No século XVI, o Papa Gregório XIII incumbiu os jesuítas a realizar estudos para reformar o calendário e instalou na Torre dos Ventos, o que hoje chamamos de Observatório do Vaticano, também conhecido como Specola Vaticana que  é um dos institutos mais antigos do mundo, tendo como linha de pesquisa científica a fotometria e espectroscopia sobre aglomerados estelares; estudo da distribuição espacial das estrelas de diferentes tipos espectrais; órbitas de estrelas duplas; produção de atlas de espectro de interesse astrofísico, entre outras.

A Igreja Católica que tem significado Universal, sinaliza com esses gestos, através de seus Astrônomos e Cientistas que consegue sob alguns aspectos, entender Deus melhor, observando o universo, contemplar as faces da Revelação.

O Vaticano tem seguido de perto os progressos da astronomia, tais como a sonda da Nasa pairando sobre o corpo celeste mais distante da Terra, Ultima Thule, no dia do Ano Novo. Na véspera da Epifania, o La Croix analisa o Observatório do Vaticano, onde os jesuítas examinam a Terra e as estrelas.

Atualmente, cerca de 16  jesuítas do Observatório do Vaticano passam metade do ano no outro extremo do mundo, no cume do Monte Graham, no sudeste do Arizona, nos Estados Unidos.

Escondido nas montanhas a uma altitude de 3.000 metros, o Vatican Advanced Technology Telescope, o telescópio de tecnologia avançada do Vaticano, foi montado em 1933, em associação com a Universidade de Tucson. O telescópio, com um espelho de quase dois metros de diâmetro, foi fabricado usando um procedimento revolucionário.

No início do século XX, o Observatório do Vaticano, que na época era um dos melhores, participou do grande projeto do mapa do céu. Ele fotografou as estrelas na porção do céu correspondente, e depois os astrônomos identificaram cada estrela que havia nas fotos.

Esse lindo e minucioso trabalho de mapeamento foi realizado pelas Freiras Emilia PonzoniRegina ColomboConcetta Finardi e Luigia Panceri – as “irmãs do computador” – marcaram a posição de 256.000 estrelas. (as mulheres sempre elas).

Em 1935, o observatório deixou o Vaticano e foi para Castel Gandolfo, perto de Roma, onde duas cúpulas foram construídas no telhado do Palácio Apostólico Vaticano. Mais tarde, foram abandonadas e transferiu-se para o Arizona, mas as cúpulas permanecem um patrimônio associado aos jesuítas.

Conta-se que numa antiga tribo, os seus componentes após descobrirem a existência do fogo, estavam queimando uns aos outros, se digladiando entre eles.

Os anciãos da tribo se reuniram em conselho, para resolver o problema e decidiram que iriam esconder o fogo.

Daí um dos anciãos pensou e disse; Vamos esconder o fogo nas profundezas do mar. O que foi de pronto rejeitado pelos demais, pois disseram que com o tempo o homem iria descobrir uma forma de submergir as águas do mar e iria encontrá-lo.

Outro menos avisado saltou de um canto e disse: Vamos esconder o fogo na lua, do que foi contestado pelo conselho que vaticinou com veemência, pois o homem iria descobrir um instrumento ou um meio de chegar até lá e o encontraria.

Finalmente, o ancião mais antigo do conselho da tribo disse em alto em bom som; Eu já sei onde esconder o fogo! Todos pararam para escutar o chefe da tribo que fulminou: “VAMOS ESCONDER O FOGO DENTRO DO HOMEM, POIS É O LUGAR QUE ELE NUNCA VAI”.

Parafraseando Santo Agostinho:

Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova!
Tarde demais eu te amei!
Eis que habitavas dentro de mim e eu te procurava fora!
Eu, disforme, lançava-me sobre as belas formas das tuas criaturas.
Estavas comigo, mas eu não estava contigo. Retinham-me longe de ti as tuas criaturas, que não existiriam se em ti não existissem.
Tu me chamaste, e teu grito rompeu a minha surdez.
Fulguraste e brilhaste e tua luz afugentou minha cegueira.
Espargiste tua fragrância e, respirando-a, suspirei por ti.
Eu te saboreei, e agora tenho fome e sede de ti.
Tu me tocaste, e agora ardo no desejo de tua paz.

 Olhar o calendário, olhar para os sinais dos Céus, são importantes, mais o mais importante é “olhar” nesse final do ano calendário de 2020 para dentro de nós e contemplar a paz que está cá dentro.

Comecemos já agora a mudança do que era passado, fazendo agora o nosso presente, contemplando o futuro que chegou nesse ano calendário de 2021.

Que a Paz do Cristo Jesus esteja conosco, hoje e sempre. Eis, minha prece. Amém!

Por André Aguiar em 31 de dezembro de 2020.

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