Aniversário de João Pessoa

435 Anos de encantos: Jovens e idosos escolhem João Pessoa como morada: ‘não tem como resistir a essa cidade maravilhosa’

De jovens a idosos, João Pessoa tem sido destino não apenas turístico, mas também de moradia fixa. As belas praias e pontos históricos da capital, além do clima e tranquilidade em relação a grandes cidades, são responsáveis por trazerem pessoas de diferentes regiões para fixar morada. Foi o caso do publicitário Guilherme Azevedo, de 30 anos, e do casal Ana Maria Muniz Lopes, de 70 anos, e José Carlos Lopes, de 75 anos, já aposentados, todos do estado de São Paulo. “Não tem como resistir a essa cidade maravilhosa”, confessou Ana Maria. A cidade completa 435 anos nesta quarta-feira (5).

Guilherme, que já recebeu o apelido de Gui pelos amigos de João Pessoa, chegou na cidade para morar em abril de 2018, mas já havia visitado, de férias, em 2017, quando teve a oportunidade de conhecer um pouco do litoral paraibano. Chegou poucos meses antes do São João, festa que costuma movimentar os pessoenses em viagens para o interior do Estado. Foi momento de descontrair, fazer novos amigos e mantê-los até hoje.

“Escolhi vir para João Pessoa depois de um período conturbado em São Paulo em vários aspectos. Por isso precisava de uma mudança visando, principalmente, relaxar e desacelerar um pouco o meu ritmo de vida”, declarou.

Guilherme Azevedo nasceu em São Paulo e mora em João Pessoa há mais de dois anos — Foto: Guilherme Azevedo/Arquivo Pessoal

Guilherme Azevedo nasceu em São Paulo e mora em João Pessoa há mais de dois anos — Foto: Guilherme Azevedo/Arquivo Pessoal

Confortável, no entanto, já chegou em João Pessoa com um emprego garantido. Quando tomou a decisão, enviou portfólio para várias agências de João Pessoa. Depois de algumas respostas e entrevistas virtuais, resolveu conhecer o local de trabalho e as pessoas com quem trabalharia. Não pensou duas vezes: comprou uma passagem e desembarcou em João Pessoa.

Inicialmente, ficou hospedado no Centro, o que proporcionou a Guilherme uma visão diferente da tão conhecida cidade litorânea e turística que ele já conhecia.

“De primeira me chamou atenção a orla só com prédios baixos e sensação de segurança, coisa que você não vê em outras capitais do nordeste. Além do mais, a fama de capital com qualidade de vida também foi algo que sempre me falaram e pude confirmar quando vim morar aqui”, confessa.

Quando chegou, não conhecia ninguém. Mas foi bem recepcionado, inicialmente, pelos colegas de trabalho, que deram dicas do que poderia ser melhor aproveitado na cidade. Foi então que a rede de amigos foi crescendo.

“Lembro que era época de Copa do Mundo e São João quando cheguei. Fiquei encantado com toda a tradição rolando junto com a emoção do futebol. Ser recebido na casa desses novos amigos para assistir aos jogos, comemorar ouvindo forró, tocando junto e sendo abraçado por todos”, Guilherme relembra as primeiras semanas na capital.

Talvez pelos amigos, talvez pela cidade, não pensa em voltar para São Paulo. Já saiu do Centro de João Pessoa e hoje mora mais perto do trabalho, no bairro Aeroclube. Está adaptado ao bairro, ao trabalho, aos lugares que frequenta e… “feliz pelos amigos” que fez, que costumam assemelhar a ele uma música que marca não apenas os pessoenses, mas todos os paraibanos: “eu sou da Paraíba é meu esse lugar, a cara desse povo tem a minha cara”, e assim se mistura entre os moradores de João Pessoa.

De São Paulo sente saudades principalmente da família, dos amigos e de ver o Palmeiras jogar. Além disso, por ser a cidade onde tudo acontece, a facilidade por encontrar alguns tipos de serviço ajudam bastante. Mas nada que Guilherme não consiga resolver quando tem a oportunidade de viajar para lá.

“Tive a oportunidade de conhecer algumas capitais do nordeste viajando como turista, mas nenhuma delas me deixou tão à vontade como aqui. Depois que vim morar, aí pude confirmar tudo o que eu sentia”, declarou.

De acordo com a presidente da Empresa Paraibana de Turismo (PBTur), Ruth Avelino, é comum que muitas pessoas que chegam em João Pessoa para passar férias quererem voltar. E a maioria, segundo ela, quer voltar para morar.

“A gente acredita que são vários fatores, principalmente a qualidade de vida, que chama muita atenção. Talvez a gente que viva aqui, já acostumados, não observamos isso. Mas as pessoas que moram nos grandes centros sem encatam com a tranquilidade”, relata Ruth Avelino.

Ela destaca algumas qualidades que a cidade têm e que agradam pessoas de outros estados, a exemplo dos pequenos prédios na orla da capital, a ausência de praias poluídas e a hospitalidade dos pessoenses.

Ana Maria e o marido João Carlos, em uma festa junina, em João Pessoa — Foto: Ana Maria/Arquivo Pessoal

Ana Maria e o marido João Carlos, em uma festa junina, em João Pessoa — Foto: Ana Maria/Arquivo Pessoal

‘Quero ficar aqui’ – Ana Maria nasceu e viveu por 65 anos em São Paulo. Morava entre São Bernardo e Santos, região muito fria, e isso nunca a agradou muito. Com três filhos e dois netos, trabalhava em São Paulo como secretária, e o marido como economista. Quando decidiram vir para João Pessoa, em agosto de 2015, os dois já estavam aposentados, mas continuavam trabalhando. No entanto, decidiram largar tudo.

Dois filhos de Ana moram na Austrália. Mas um já faz de João Pessoa sua morada há alguns anos. Portanto, ela já conhecia a cidade por conta de viagens que fazia algumas vezes no ano para visitar o filho.

Em São Paulo tinha emprego, círculo de amizades sólido e, por isso, tinha medo de trocar toda a vida que construiu lá, para vir para João Pessoa. Mas foram se apaixonando aos poucos. “O clima maravilhoso que eu adoro, as pessoas que receberam a gente muito bem”, tudo isso foi determinante para confirmar para Ana que era em João Pessoa que ele deveria continuar a vida.

As amizades em São Paulo permanecem, mas construiu novos amigos também na capital paraibana, em grupos de ginástica, na igreja e com os amigos também do filho – é importante destacar, claro, que o filho morar em João Pessoa deu um upgrade na decisão do casal. Ele veio para João Pessoa após conseguir uma vaga de emprego na capital paraibana, quando se formou em medicina.

“Hoje me sinto paraibana”, Ana declara. Aqui leva a vida que, segundo ela, todo mundo deveria ter quando se aposenta.

Ana e José Carlos moram juntos em Manaíra, pertinho da praia. Da varanda de casa, consegue ver o mar, o pôr do sol e sentir a brisa que o litoral sopra em sua janela. “Quero ficar aqui, quero ir embora não”, declara, sorrindo.

O que mais a fez querer ficar em João Pessoa foi o clima. Já que sofria tanto com o frio em São Paulo, sentir o calor de João Pessoa foi surpreendente. “Porque aqui a gente passa por mentirosa, né? Uma hora chove, outra faz sol”, sorri, brincando com a mudança brusca de clima na capital.

Faz dois anos que não volta em São Paulo, mas fala todos os dias com a família, por telefone e pelas redes sociais. É o que faz falta, mas confessa que consegue suprir com o uso das tecnologias e quando os parentes também viajam para João Pessoa.

Dani Fechine, G1 PB

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