No dia 3 de junho de 2020 o site de Oeste publicou uma nota intitulada “Crimes e violência marcam as ‘manifestações’ nos EUA”. A nota mostrava como a morte de George Floyd nos EUA estava servindo de pretexto para todo tipo de agressão e brutalidade em nome da “luta contra o racismo”.
A nota era ilustrada por vídeos que mostravam manifestantes ligados ao movimento Black Lives Matter colocando fogo em lojas, saqueando estabelecimentos comerciais e impedindo a ação da polícia. Um dos vídeos exibia um homem cercado por manifestantes, pegando um arco e flecha para se defender da multidão.
870 dias depois da publicação, Oeste recebeu um comunicado do YouTube.
Sete dias de suspensão a uma semana do segundo turno das eleições? Quem fez a denúncia, dois anos e meio depois da publicação da nota? Ou a decisão foi uma iniciativa do próprio YouTube?
Não há qualquer informação a esse respeito. O fato é que Oeste, uma empresa jornalística séria, que age dentro de todos os parâmetros legais, se vê obrigada a interromper por uma semana a transmissão de seus três programas — OesteCast, As Liberais e o Estúdio Oeste.
A medida imposta pelo YouTube prejudica nossos assinantes e interrompe a livre circulação de informação, garantida pela Constituição brasileira em seu artigo 200: “A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição”.
A arbitrariedade do YouTube é baseada na seguinte diretriz da empresa:
“No YouTube, não é proibido postar conteúdo que exiba cenas violentas ou explícitas de maneira sensacionalista ou aproveitadora. Isso inclui filmagens, áudio ou imagens envolvendo guerras, acidentes, procedimentos médicos ou outros cenários com a intenção de chocar ou causar repulsa nos espectadores. Esses são apenas alguns exemplos. Não publique conteúdo caso acredite que ele pode violar essa política. Analisamos o conteúdo educativo, documental, artístico e científico caso a caso. Exceções limitadas são feiras para conteúdo com contexto suficiente e apropriado, em que a finalidade da publicação é clara”.
Embora seja obrigada a aceitá-los, Oeste estranha os critérios do YouTube. Continua sendo apresentado normalmente, por exemplo, o vídeo que escancara a aprovação do ator petista Paulo Betti ao atentado à faca que quase matou o então candidato Jair Bolsonaro. Assim como os trechos de um documentário que nega a tentativa de assassinato testemunhado pelo Brasil inteiro.
Também não sofreu nenhuma restrição uma cena de espancamento registrada por câmeras de segurança incluída numa reportagem semelhante à que serviu de pretexto para a proibição imposta a esta revista.
Enquanto aguarda esclarecimentos convincentes, Oeste tem o direito de suspeitar que os critérios do YouTube se subordinam a regras mantidas em sigilo.
Redação Oeste