Europa

Sobe para 46 o número de mortos em onda de frio na Europa

A onda de frio siberiano que atinge a Europa deixou mais de 40 mortos nesta quarta-feira (28), entre os quais há várias pessoas sem-teto, enquanto afeta seriamente a maioria dos meios de transporte.

O fenômeno climático já tem vários apelidos: “A Besta do Leste” para os meios de comunicação britânicos, “O Urso da Sibéria” na Holanda, o “Canhão de Neve” na Suécia. Esta onda de frio provocou ao menos 46 mortes desde sexta-feira

Segundo uma contagem da AFP, 18 pessoas faleceram na Polônia, seis na República Tcheca, cinco na Lituânia, quatro na França e na Eslováquia, duas em Itália, Romênia, Sérvia e Eslovênia, e uma na Holanda. Na Estônia, o frio deixou sete mortos durante todo o mês de fevereiro.

Na madrugada desta quarta-feira, o termômetro caiu para -21ºC nas regiões montanhosas de Croácia e Bósnia, -20ºC em Lübeck (norte da Alemanha), -19°C no sul da Polônia, -18°C perto de Liège, na Bélgica, e -10°C nos arredores de Londres.

Na Suíça foi registrada a marca de -36°C em Glattalp, a 1.850 metros de altitude, um local desabitado onde as temperaturas extremas são frequentes. Na França, a madrugada desta quarta-feira foi a mais fria ao longo do inverno, com -12°C em Metz, no nordeste.

As temperaturas glaciais, que irão se manter até quinta-feira, afetaram sobretudo as pessoas sem-teto. Três delas morreram na França e na República Tcheca desde sexta-feira, e duas na Itália, uma das quais se negou a deixar o local onde dormia ao relento na periferia de Milão.

Na França, o ministro de Coesão dos Territórios, Jacques Mézard, anunciou que há disponíveis 150 mil locais de alojamento de urgência, “uma cifra nunca antes alcançada”.

“Aqueles que têm uma casa também podem se revelar vulneráveis com este clima. Se você tem vizinhos idosos, ou frágeis, verifique que estejam sãos e salvos, e que contam com um estoque suficiente de alimentos e remédios, e se sua casa está aquecida (ao menos 18°C)”, solicitou o prefeito de Londres, Sadiq Khan.

Na Irlanda, os moradores foram até os supermercados para se abastecer ante a chegada da tempestade “Emma”, que na quinta-feira provocará as maiores nevascas registradas no país desde 1982. As fotos das gôndolas de pão vazias podiam ser vistas nas redes sociais. As autoridades decretaram “alerta vermelho” e recomendaram a todos os habitantes das províncias de Munster (sudoeste) e Leinster (leste) que se mantenham abrigados entre às 16h00 de quinta-feira e às 12h00 de sexta-feira.

Em toda a Europa, a neve e o gelo nas ruas e estradas perturbaram o tráfego de veículos, assim como os transportes aéreo e ferroviário. Muitos voos foram cancelados ou atrasaram nos aeroportos britânicos. Na Irlanda, a companhia de baixo custo Ryanair cancelou todos os seus voos de e para Dublin.

– Patinadores caem na água –

Na Holanda, a febre da patinação invadiu o país. Apesar da temperatura de -15°C registrada em algumas partes, as condições não eram ideias para praticar o esporte: em Hank (oeste), um homem de 75 anos morreu congelado nesta quarta-feira ao cair na água após deslizar pelo gelo muito fino. Vários acidentes similares foram assinalados em povoados próximos a Utrecht e Amsterdã, mas as vítimas foram socorridas a tempo.

O tabloide Österreich premiou como o “trabalho mais glacial da Áustria” Ludwig Rasser e Norbert Daxbacher, funcionários da estação meteorológica de Sonnblick, a 3.109 metros de altitude, que devem sair três vezes ao dia para monitorar os aparelhos de medição. “Precisamos de uma hora pegar os dados de todos os equipamentos. Com -32°C (temperatura de terça), a sensação térmica provocada pelo vento era de -60°C”, revelou Ludwig.

Muitas escolas estavam fechadas em Reino Unido, Irlanda, no norte de Portugal, na Bósnia e em Kosovo, assim como na Albânia, onde muitos povoados e aldeias estavam isolados pela neve.

 

 

 

 

 

 

 

Isto E

– Corrida aos supermercados –

Na Bélgica, várias cidades tomaram a decisão inédita de forçar as pessoas sem domicílio fixo a se protegerem em abrigos.

Na Alemanha, a associação de ajuda aos sem-teto solicitou que os centros de acolhida ficassem abertos durante todo o dia, e não apenas à noite: “também se pode morrer de frio durante o dia”, insistiu Werena Rosenke, diretora da associação, que falou em quatro mortes por hipotermia desde o começo do inverno.

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