Política

Rodrigo Maia alega ‘discriminação’ e anuncia pedido de desfiliação do DEM

O deputado federal Rodrigo Maia, ex-presidente da Câmara dos Deputados, informou nesta sexta-feira (14) que apresentará ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) um pedido de desfiliação do DEM.

No documento, Maia afirma que sofre “grave discriminação” política e pessoal na legenda e que houve “substancial mudança” do programa partidário do DEM, aproximando a sigla do presidente Jair Bolsonaro.

Até a última atualização desta reportagem, o TSE havia informado que o documento ainda não havia sido protocolado.

A Resolução 22.610/2007 do TSE prevê a desfiliação partidária com manutenção do mandato se houver justa causa, como incorporação ou fusão do partido; criação de novo partido; mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário; grave discriminação pessoal.

Com isso, se for julgada procedente a ação de desfiliação, Maia poderá migrar de partido sem perder o mandato. Procurado, o deputado não quis confirmar a qual partido se filiará.

Rodrigo Maia está no sexto mandato como deputado federal. Comandou a Câmara entre julho de 2016, quando sucedeu Eduardo Cunha (MDB-RJ), e fevereiro de 2021, quando foi sucedido por Arthur Lira (PP-AL).

Eleição para presidência da Câmara – Rodrigo Maia se desentendeu com o presidente do DEM, ACM Neto, durante a campanha para presidência da Câmara.

Enquanto Rodrigo Maia apoiou Baleia Rossi (MDB-SP), o DEM decidiu se manter neutro. Esse movimento foi visto por Maia como o motivo da derrota de Baleia e da vitória de Arthur Lira, aliado do presidente Jair Bolsonaro.

Maia disse que foi traído por ACM. Ao jornal “Valor Econômico”, afirmou que sua cabeça foi “entregue de bandeja” ao Planalto e chamou ACM de “oportunista”. O deputado João Roma, ex-chefe de gabinete de ACM, assumiu o Ministério da Cidadania em fevereiro deste ano.

ACM Neto rechaça a ideia de que o DEM foi responsável pela derrota de Baleia Rossi. Diz também que Maia “procura culpados por erros que cometeu”. Neto também nega que o DEM tenha negociado cargos com Bolsonaro para apoiar Lira.

Nesta sexta-feira, em uma rede social, Maia acusou ACM Neto de querer ser candidato a vice na chapa de Bolsonaro em 2022. Disse ainda chamou o presidente do DEM de “malandro” e afirmou que o partido deveria filiar “logo” os bolsonaristas.

“Neto está ficando apenas com os bolsonaristas. Bolsonaro presidente e ACM Neto vice-presidente. Não sobrou nada além disso”, acrescentou o ex-presidente da Câmara.

O pedido de desfiliação – No pedido de desfiliação o ex-presidente da Câmara disse que o DEM praticou “grave discriminação” política e pessoal contra ele e que, “além de ter sido traído” na eleição para a presidência da Câmara, “passou a sofrer execrações públicas” por parte de ACM Neto.

“A manobra do DEM para eleger Lira, além de romper drasticamente com a postura do requerente [Maia] ao longo dos 5 anos que esteve à frente da Câmara dos Deputados, revelou uma gravíssima traição pessoal do DEM contra Maia”, afirma.

Maia alega ainda que a legenda mudou de forma “substancial” seu programa partidário na medida em que “passou a alinhar-se e a apoiar” Bolsonaro e Lira.

“O DEM alterou seu alinhamento político – passando de opositor (ou ao menos de independente) a aliado do Presidente da República –, o que torna a permanência do Requerente no partido inviável, eis que Rodrigo Maia é uma das figuras públicas mais crítica ao Governo Bolsonaro, sobretudo em matéria de combate à pandemia do Covid-19”, justifica (G1)

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