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Parayba Feminina – André Aguiar

A Capital Paraibana celebra oficialmente no dia 05 de agosto os seus 435 anos de Fundação, inicialmente chamada com o nome de Cidade Real de Nossa Senhora das Neves.

Ela já nasce Cidade, e não como Vila, Povoado ou Aldeia, e homenageando uma Mulher, entrega o seu coração, A Virgem das Neves como diz o hino de nossa padroeira: “Da tua proteção me ufano Recebe oh mãe divinal Do povo paraibano O coração filial”. Tem no feminino um chamado Divino.

Nossa capital nasce como uma Cidade Real, pois pertencia diretamente ao Rei de Portugal, pequenina e majestosa até hoje, ela nasceu de uma história envolvendo uma mulher.

Na verdade essa região pertencia a Itamaracá (Capitania de Pernambuco) e em 1571 aproximadamente, aconteceu um fato marcante por conta do rapto de uma Índia chamada CUNHÃ.

Conta-se que, um aventureiro chegou até a aldeia potiguara de Copaoba, atual Serra da Raiz, e muito bem recebido pelos membros da tribo, mostrou-se mais tarde interessado em casar com a filha do cacique Inigassú. Em determinado dia em que o chefe estava ausente, aquele homem fugiu para Olinda e levou a esposa, ato que desagradou a Inigassu, que de pronto mandou Timbira e Jupiaçú a Pernambuco, para reclamar do rapto e exigir que a filha lhe fosse devolvida.

O Governador de Pernambuco era Antônio Salema, que imediatamente, ordenou que a jovem lhes fosse devolvida para os índios. Acontece, porém que no engenho Tracunhaém, de propriedade de Diogo Dias, atual município de Goiana, os índios fizeram pousada para o descanso.

Os Potiguaras quando acordaram pela manhã, perceberam a falta da moça que certamente fora raptada por Diogo Dias, no qual nada fez para devolver Cunhã. Saindo de lá, os índios foram diretamente a Inigassú, e relataram-lhe o fato, que mandou nova comitiva indígena procurar o governador Salema, mas aquele senhor não mais se encontrava em Pernambuco. Assim, restou frustrada a tentativa de reaver a jovem índia, que continuou em poder de Diogo Dias.

Por aqui, nessas paragens, perambulavam muitos Corsários Franceses querendo tomar posse das terras (a história se repete) e influenciaram os potiguaras a uma tomada de posição gerando a luta de Tracunhaém. Os Silvícolas incendiaram em consequência disso, canaviais, lavouras, casas e engenho. Promoveu-se a matança dos animais e de cerca de 600 pessoas que ali viviam. Diogo e seus familiares foram mortos, restando-lhes apenas dois filhos que não se encontravam no engenho.

A Coroa Portuguesa e seus representantes se assustaram com o tamanho do massacre, ademais, a revolta poderia comprometer o desenvolvimento e a riqueza de sua maior e mais lucrativa capitania – Pernambuco. Dessa forma, resolveu então destacar de Itamaracá e criou o território da Paraíba.

Depois do nome de Nossa Senhora das Neves, ela foi Filipéia (feminina) posteriormente chamada Frederica, (feminina) tornando-se uma das duas principais cidades da Nova Holanda, e por fim João Pessoa, que fugiu a regra, tornou-se uma Capital de Pessoas, universalizou-se e teve como “pano de fundo”, para a mudança de seu nome, uma história que envolvia uma mulher (Anaíde Beiriz).

As mulheres como sempre, embora muitas vezes em silêncio, são protagonistas da história Paraibana e eu como filho apaixonado dessa linda cidade, nascido e criado, herdado de minha Mãe, Avós, Bisavós, e Tataravós, que são genuinamente nascidos na Capital de Nossa Senhora das Neves, gostaria de grifar aqui algumas muitas mulheres que edificaram essa linda cidade.

Falando em edificar, vou começar pela primeira Engenheira da Paraíba, no ano de 1945. Os cursos superiores na Paraíba eram escassos. O acesso à carreira acadêmica era restrito a homens, brancos e vindos de famílias nobres. Os negros, na época, livres há apenas 57 anos, e as mulheres, relegadas ao papel de dona-de-casa, esbarravam nos obstáculos sociais do Brasil da primeira metade do Século XX, para chegar à universidade. Foi nesse cenário hostil que NYDJA NASCIMENTO, nascida em João Pessoa, negra e pobre, conseguiu ser a primeira mulher a chegar a uma universidade na Paraíba e se tornar, posteriormente, a primeira professora do Curso de Agronomia, o mais antigo da UFPB.

Trago ainda a baila a primeira Advogada paraibana, LYLIA GUEDES, que embora nascida no Rio Grande Norte (Nova Cruz), veio ainda recém nascida para João Pessoa. Realizou exames no Liceu Paraibano no século XIX entre os anos de 1916 e1917, no que obteve êxito. Em 1918 ingressou na Faculdade de Direito em Recife–PE, iniciando sua caminhada profissional . Assim, quatro anos após, precisamente, em 16 de Dezembro de 1922, colou grau de Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais. Foi a primeira a fazer parte do Instituto dos Advogados, hoje, Ordem dos Advogados do Brasil – OAB-PB, como Secretária, com forte atuação como Advogada no Tribunal de Justiça da Paraíba (Tribunal do Júri). Uma importante mulher e jurista.

Sem delongas, lembro ainda as Mulheres Educadoras, a começar por dona ZILDA CABRAL DE VASCONCELOS, que fundou o Instituto Sagrado Coração de Jesus, antes disso a remigense (Pessoense de coração) MARIA BRONZEADO que fundou e capitaneou aqui na terrinha o meu querido Instituto Presidente Epitácio Pessoa (IPEP) e ainda as Irmãs dos Colégios Católicos, Colégio das Neves, Colégio das Lourdinas e Colégio João XXIII, Colégio Dorotéias e Instituto Nossa Senhora da Salete.

Na área cultural e musical quero lembrar, como representante a Sra. Luzia Simões Bartolini (1911-1978) ela recebeu ensinamentos dos maestros Heitor Villa-Lôbos e Gazzi de Sá. Lecionou na Escola Industrial, no ano de 1952, como professora de Canto Orfeônico até 1975, quando se aposentou.

Nesse dia de festa para nossa linda Capital, finalizo cantando a música de Marinês, intitulada Meu Sublime Torrão, homenageando as maravilhosas

Mulheres Paraibanas de todas as épocas:
As morenas tão gentis,
Ostentando os seus perfis
Numa noite de luar…
Não tem a fama da baiana,
Mas a paraibana
Sabe amar, tem sedução.

André Aguiar

foto: g1

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