Negócios

Nova forma de vender: vouchers pós-quarentena para se manter, na PB

Devido à pandemia da Covid-19, que fechou estabelecimentos que prestam serviços não essenciais na Paraíba, alguns comerciantes e prestadores de serviço tiveram que recorrer a novas formas de vender.

Na Paraíba, alguns empreendedores estão oferecendo cupons com desconto para consumação pós-quarentena.

Segundo Alexandre Teixeira, do Sebrae Paraíba, foi constatada uma queda de faturamento em 93% empresas da Paraíba. Para Alexandre, nesse momento os micro empreendedores enfrentam uma grande desafio de entender o consumo dos clientes e ter que tomar decisões rápidas voltadas para a internet.

Cafeteria tem recorrido ao delivery e cupons de consumação, em João Pessoa — Foto: Mr Black Café/Divulgação

Cafeteria tem recorrido ao delivery e cupons de consumação, em João Pessoa — Foto: Mr Black Café/Divulgação

Segundo Hugo Martins, um dos proprietários de uma cafeteria, o faturamento da sua empresa caiu 83% durante a quarentena. O café foi fechado, assim como o espaço de co-working do local, e junto com o sócio Dennison Augusto, investiram no serviço de delivery e take away.

Primeiro, o café passou por uma reestruturação no processo de delivery. Foi necessário investir num delivery próprio, já que as taxas dos aplicativos eram altas. Mesmo assim, Hugo conta que não há apelo para o delivery na cafeteria, então foi necessário outra alternativa.

“A gente pensou, a gente quer fazer alguma coisa, ir atrás de faturamento. E uma alternativa que a gente achou foi os vouchers de consumação”, conta Hugo.

A ideia partiu da necessidade de ter fluxo de caixa, e poder se manter durante a quarentena.

Tatuadora oferece 'vale-tatto' com desconto, na Paraíba — Foto: Déborah Dálet/Arquivo

Tatuadora oferece ‘vale-tatto’ com desconto, na Paraíba — Foto: Déborah Dálet/Arquivo

Déborah Dálet é tatuadora e também optou pelos vouchers de desconto. A jovem começou a tatuar em 2019, quando conheceu a técnica de handpoke – tatuagem sem máquina, apenas com agulha – e estava desempregada.

A fonte de renda de Déborah vem de atividades artísticas – além de tatuar, ela borda, desenha e costura. Com a necessidade do isolamento, Déborah, que tatua em sua própria casa, decidiu parar de tatuar e criou o vale-tattoo.

“O cliente ganha 20% de desconto nas tatuagens fechadas durante esse período, e paga metade do valor adiantado e o restante no dia da tatuagem, que só serão agendadas após a quarentena”.

Restaurante árabe recorreu a vouchers de consumação para poder se manter na PB — Foto: Haula Chaaban/Arquivo

Restaurante árabe recorreu a vouchers de consumação para poder se manter na PB — Foto: Haula Chaaban/Arquivo

Haula Chaaban vendia comidas árabes em foodparks de João Pessoa, quando em janeiro decidiu reunir suas economias para alugar e reformar um ponto no Bessa. A inauguração do restaurante aconteceu no dia 10 de março, mas, na semana seguinte, a quarentena foi determinada – com fechamento de pontos como bares e restaurantes.

“Sem dinheiro de reserva e sem poder vender presencialmente, dispensei as meninas que trabalhavam comigo, tanto por essa falta de dinheiro quanto porque eu pensei na saúde e no deslocamento delas. As vendas presenciais correspondem a 80% do meu faturamento”, disse.

Sendo responsável pelas compras de materiais, produção e vendas, Haula recorreu aos cupons de consumo, ‘vouchers’, que o cliente compra agora com desconto, mas consome quando o restaurante reabrir. Porém, a microempreendedora relatou que a adesão foi baixa e precisou desistir da iniciativa.

“A adesão foi muito baixa, eu precisava de R$ 5 mil, consegui arrecadar pouco mais de R$ 1 mil. Precisei da ajuda do meu irmão pra arcar com as contas desse mês”, conta Haula.

Haula tinha parado com o delivery durante a quarentena, mas decidiu retornar para poder manter o negócio. Agora ela toma conta sozinha do restaurante.

De acordo com o Sebrae, os segmentos mais impactados pelo coronavírus devem ser a alimentação fora do lar, artesanato, beleza, construção civil, moda, peças automotivas, serviços educacionais, turismo e varejo tradicional.

Além das medidas de segurança, como home office, afastamento imediato de empregados com suspeita de contaminação, Alexandre conta que os micro empreendedores podem recorrer a outras ações, principalmente a internet.

“Dica: mantenha sua empresa relevante! Não se desconecte dos seus clientes. Isso é importante não só para esse período, mas também para o pós-crise. É essencial que seus clientes continuem lembrando da sua marca. As empresas terão que ser mais digitais, mais ágeis e mais enxutas. Isso não significa que os pequenos negócios irão desaparecer e sim, se fortalecer”, afirma Alexandre Teixeira.

com G1/Pb

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