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Natividade da Virgem Maria – por André Aguiar

Há na didática de Deus, no Seu “Pensar” uma sabedoria indecifrável para nós seres humanos, pois Ele divide para somar, morre para viver, capacita os incapacitados, desde o princípio Ele escolheu e escolhe os pequeninos, os pobres, os Seus Anawins, como dito em Isaías 55,8 “Os meus pensamentos não são os pensamentos de vocês, nem os seus caminhos são os meus caminhos”.

Ao escolher nascer em uma família, advindo de uma mulher, uma Menina, Jesus não tem origem humana (sanguínea) no masculino, todos os componentes carnais Dele foram retirados de sua Mãe, embora seja descendência Davínica, advindo de São José o seu pai na terra.

Para confundir a sabedoria humana, Ele escolhe nascer de uma Senhora Menina, que nasceu de pais estéreis, ambos já na velhice, Joaquim e Ana que eram residentes em Jerusalém, ao lado da piscina de Betesda, onde hoje se ergue a Basílica de Santa Ana; e aí, num sábado, 8 de setembro, nasceu-lhes uma filha que recebeu o nome de Miriam, que em hebraico significa “Senhora da Luz”, passado para o latim como Maria.

Como em Meriba, os corações dos homens estavam fechados (como até hoje) e nem perceberam o nascimento daquela Menina tão especial, que muito precoce, com apenas três anos de idade, é consagrada ao Templo de Jerusalém, mesmo sendo ela própria o templo, Daquele que É O Senhor do templo, tendo lá permanecido até os doze anos.

Esta Menininha — diz são Germano de Constantinopla na homilia sobre a Apresentação — prepara o aposento para acolher a Deus, “mas não é o templo que a santifica e purifica, e sim a sua presença que purifica inteiramente o templo”. Retirado do livro: ‘Os Santos e os Beatos da Igreja do Ocidente e do Oriente’, Paulinas Editora.

O nascimento de Nossa Senhora ou a Natividade de Maria é uma festa litúrgica das Igrejas Católica e Anglicana, celebrada no dia 8 de setembro, nove meses após a sua Imaculada Conceição, celebrada em 8 de dezembro. Também é celebrada pelos cristãos sírios em 8 de Setembro e pelos cristãos coptas em 1 Bashans (equivale a 9 de Maio). Na Igreja Ortodoxa, a Festa de Theotokos, é uma das doze grandes festas do ano litúrgico.

Esta festa tem sua origem em Jerusalém. Começou a ser celebrada no século V como festa da Basílica Sanctae Mariae ubi nata est, atualmente conhecida como Basílica de Santa Ana. No século VII, já era celebrada pelas igrejas bizantinas e em Roma, como festa do nascimento da Bem-Aventurada Virgem Maria. A festa foi incluída no calendário tridentino em 8 de Setembro e permanece, até hoje, nesta data.

O Culto de Nossa Senhora Menina, está inserido na Fé em Deus, muito antes mesmo de haver existido o cristianismo. Não bastasse as profecias que, desde a Criação, anunciaram a vinda daquela mulher que esmagaria a cabeça da serpente Gn. 3, l5, deparam-se-nos as visões do Rei Davi e os cânticos de seu filho, o Rei Salomão. Não bastasse a esperança sempre viva em Israel de que essa mulher, descendente de seus Reis, daria a luz o conquistador do mundo, o fato é que, logo após o passamento da Virgem (ano 45/47 d.C.), começaram a aparecer escritos, entre eles o Apocalipse de São João (23, l6-l7) que culminaram com o Proto-Evangelho de São Tiago Menor, que foi texto corrente nas Igrejas do Oriente.

No Monte Carmelo, (Jerusalém) novecentos anos antes Cristo, passando por Isaías, quando disse: “Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho… (Isaías 7.14), ou ainda o profeta Jeremias que profetizou que o Messias seria descendente do rei Davi (Jeremias 33.15), é a Virgem Maria essa nuvenzinha (cf I Reis 18,20-45) que trás do Céu as chuvas de Graças ao povo de Deus.

Na Liturgia das Horas, lê-se: “Neste dia da solene consagração da igreja de Santa Maria Nova (leia-se: Menina), construída junto ao templo de Jerusalém, celebramos com os cristãos do Oriente aquela consagração que Maria fez a Deus de si mesma desde a infância, movida pelo Espírito Santo, de cuja graça ficara plena na sua Imaculada Conceição”.

A Virgem Maria é venerada também no Islamismo, o alcorão diz que ela foi a melhor mulher que já existiu, diz ainda que Ela permaneceu casta e temente a Deus durante toda a sua vida e deu à luz a Jesus através de uma gravidez milagrosa, Tanto o Livro Sagrado do Islã quanto o Profeta Muhammad ensinam que ela foi um exemplo de vida e é digna de respeito e admiração pelos muçulmanos. No Livro Sagrado islâmico, há uma sura dedicada inteiramente a ela.

Jesus ocupa um lugar de imensa importância para a fé dos muçulmanos. Ele é um dos honrados mensageiros de Deus e, assim como outros profetas, representa a mais excelente das criaturas que vieram ao mundo. No entanto, a grandeza do Messias pode ser explicada, em parte, pela da nobreza de sua mãe: a Virgem Maria, isto sob a ótica dos mulçumanos. “Ó Maria, Allah te elegeu e te purificou, e te preferiu a todas as mulheres da humanidade!” (Alcorão 3:42).

Assim se exprimiu o Padre Antônio Vieira sobre essa celebração: “Quereis saber quão feliz, quão alto é e quão digno de ser festejado o Nascimento de Maria? Vede o para que nasceu. Nasceu para que d’Ela nascesse Deus. (…) Perguntai aos enfermos para que nasce esta celestial Menina, dir-vos-ão que nasce para Senhora da Saúde; perguntai aos pobres, dirão que nasce para Senhora dos Remédios; perguntai aos desamparados, dirão que nasce para Senhora do Amparo; perguntai aos desconsolados, dirão que nasce para Senhora da Consolação; perguntai aos tristes, dirão que nasce para Senhora dos Prazeres; perguntai aos desesperados, dirão que nasce para Senhora da Esperança. Os cegos dirão que nasce para Senhora da Luz; os discordes, para Senhora da Paz; os desencaminhados, para Senhora da Guia; os cativos, para Senhora do Livramento; os cercados, para Senhora da Vitória. Dirão os pleiteantes que nasce para Senhora do Bom Despacho; os navegantes, para Senhora da Boa Viagem; os temerosos da sua fortuna, para Senhora do Bom Sucesso; os desconfiados da vida, para Senhora da Boa Morte; os pecadores todos, para Senhora da Graça; e todos os seus devotos, para Senhora da Glória. E se todas estas vozes se unirem em uma só voz, dirão que nasce para ser Maria e Mãe de Jesus” (Sermão do Nascimento da Mãe de Deus).”        

Exultai, ó céus! Jubilai, ó colinas eternas! Sussurrai, ó campos esmaltados de estrelas! Apressai-vos, ó coros angélicos, ministros do Onipotente. Oh! Apressai-vos! Pela escada que vai da Terra ao Céu, oh, descei e subi sem descansar. Com alegres festas celebrai a pequena recém-nada, forrando de cantares o berço imaculado. Ela vem para reparar vossas antigas ruínas, preenchendo com glória os tronos desocupados. Derramai-lhe perfumes no bercinho e bordai-lhe o fofo leito de rosas purpurinas. Distilai-lhe nos tenros membros preciosas essências e estrelai-lhe de pérolas a fronte de rainha. “Recamai de flores belas o regaço de Ana, em que se embala a Virgem, docemente adormecida”. – São José de Anchieta, Poema “Sobre a Virgem Maria Mãe de Deus”, Canto I.

Disse o Santo Padre o Papa São João Paulo II, sobre a devoção a Nossa Senhora Menina:

“Este mistério (da Santa Infância de Maria) parece ser muito pouco conhecido. Acho que tendes uma grande missão… aprofundar a meditação sobre o mistério da infância de Maria.”

Papa João Paulo II, falando às Irmãs da Caridade de Milão.

VIVA A NATIVIDADE DA VIRGEM MARIA, VIVA NOSSA SENHORA MENINA!!!

Por André Aguiar, em 05 de setembro de 2020 D.C.

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