Na Paraíba

Feminicídios representam mais de 46% das mortes de mulheres na Paraíba em 2021

Mais de 46% das mulheres assassinadas na Paraíba nos primeiros cinco meses de 2021 foram mortas por seus companheiros ou algum familiar, sendo os casos investigados como feminicídios. Foram 16 mulheres assassinadas cujos casos foram considerados como homicídios dolosos e 14 feminicídios registrados, totalizando 30 mulheres mortas de janeiro a maio de 2021.

Os números são da Secretaria de Segurança e Defesa Social (Seds), solicitados pelo G1 via Lei de Acesso à Informação.

No mês de maio foram seis mulheres mortas, sendo três homicídios e três feminicídios. Entre essas estatísticas está Patrícia Roberta, morta por asfixia depois de sair de Caruaru para visitar o amigo Jonathan Henrique, em João Pessoa. Ele é o principal suspeito do crime e está preso.

Caso Patrícia Roberta – Na audiência de custódia, Jonathan disse que mora sozinho e que Patrícia estava em seu apartamento no final de semana. Disse ainda que ele consumiu maconha, bebida alcoólica e LSD no sábado (24) e que não se recorda com detalhes dos fatos.

Patrícia, que é de Caruaru, veio a João Pessoa a convite de Jonathan. Eles se conheciam há cerca de 10 anos, de acordo com a Polícia Civil. Eles teriam estudado juntos em Caruaru, onde Jonathan chegou a morar.

De acordo com delegada Emília Ferraz, Patrícia confidenciou a uma prima que estava conversando com um “antigo namoradinho”. Na quinta-feira (22), ela disse à prima que Jonathan a chamou para passar o fim de semana na casa dele, para que ela conhecesse João Pessoa.

Patrícia fez sua primeira viagem interestadual. Chegou em João Pessoa na manhã de sexta-feira (23). Jonathan teria combinado de ir buscá-la, mas não foi e disponibilizou um carro por aplicativo para levá-la até a sua casa.

No sábado (24), Jonathan deixou Patrícia trancada no apartamento, dizendo que precisava resolver uma “situação”. Por chamada de vídeo com a mãe, Patrícia disse que estava triste porque eles teriam combinado de passear.

Segundo as trocas de mensagens com a mãe, Jonathan só chegou no domingo (25) no apartamento. Patrícia avisa que Jonathan chegou e que os dois iriam juntos para Caruaru. A mãe de Patrícia, Vera Lúcia, não conseguiu mais falar com a filha.

A família de Patrícia veio para a João Pessoa e registrou o desaparecimento da jovem na noite de segunda-feira (26). As polícias Civil e Militar iniciaram as buscas por Patrícia.

Os policiais foram até onde Jonathan morava, em Gramame. Na madrugada de terça-feira (27), uma testemunha contou que viu Jonathan com algo que seria um corpo enrolado em um tapete. A partir daí, a polícia iniciou as buscas por Jonathan e por esse possível corpo.

O corpo de Patrícia foi encontrado em uma mata no Novo Geisel, nas imediações de onde Jonathan morava, na tarde de terça-feira.

Retrospecto dos dados – O número de abril puxou uma ascensão nos casos de feminicídios este ano na Paraíba. Foi o mês com o maior número de assassinatos por questões de gênero envolvendo mulheres, ficando a frente de março, com três feminicidíos, maio, também com três, janeiro com dois e fevereiro com um feminicídio registrado. Durante todo o ano de 2021, 11 feminicídios aconteceram na Paraíba.

Em relação a abril de 2020, houve o aumento de um caso, em números absolutos. A Paraíba registrou quatro feminicídios no mês de abril de 2020. No ano passado, foram dez feminicídios nos quatro primeiros meses do ano.

No entanto, ainda em abril de 2020, sete mulheres foram assassinadas, sendo três delas por homicídio doloso. Isso representa número muito superior em relação aos assassinatos de 2021, tendo em vista que não houve nenhum homicídio doloso neste ano.

No ano inteiro de 2020, o número de feminicídios representou 38% do total de mulheres assassinadas na Paraíba. O número de feminicídios atingiu 36 casos. Além disso, os dados também mostram que duas mulheres morreram por latrocínio, quando acontece o roubo seguido de morte. No total, 93 mortes violentas de mulheres foram registradas em 2020.

Em relação a 2019, o percentual diminuiu em 2020. Ao longo daquele ano, o número de feminicídios representou 52% da quantidade de mulheres assassinadas. De acordo com o Núcleo de Análise Criminal e Estatística, foram registradas 73 mortes de mulheres. O número de 38 feminicídios é superior ao de homicídios dolosos de mulheres, que não têm relação com o gênero. Além disso, os dados também mostram que duas mulheres morreram por latrocínio e outra por lesão corporal seguida de morte.

Feminicídio é o assassinato contra uma mulher cometido devido ao fato de ela ser mulher ou em decorrência da violência doméstica. Foi inserido no Código Penal como uma qualificação do crime de homicídio em 2015 e é considerado crime hediondo.

com G1/Pb

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