Há 24 anos, em uma fria manhã de 8 de dezembro de 1994, morria em Nova York – aos 67 anos – o músico carioca Antônio Carlos Jobim. Um dos maiores expoentes da música brasileiro no mundo, Tom Jobim superou as barreiras que limitavam a sonoridade tupiniquim e levou a bossa nova como criação nacional – pautada em própria autoria – para o mundo.
Criado em Ipanema (mas nascido na Tijuca), Jobim começou a se arriscar nos primeiros acordes sob o comando do professor alemão Hans Koellreutter. A tentativa de carreira na arquitetura cedo foi substituída pela certeza da dedicação ao piano – e aos bares e boates de Copacabana, que na década de 1950 fervilhavam tanto quanto a criação de Vinicius de Moraes, com o qual se juntou para criar trilha sonora da peça (e posteriormente o filme) Orfeu da Conceição, ainda em 1953.
Em 1958, com o LP Canção do amor demais, Jobim, ao lado de Vinicius de Moraes e sob interpretação de Elizeth Cardoso, o carioca apresentava o embrião de melodias e harmonias que daria a bossa nova um tom próprio – e brasileiro.
A garota mais famosa do Brasil – A atuação de Tom Jobim até o momento era essencialmente na composição das faixas, mas passou a primeiro plano em 1963, quado apresentou um dos maiores sucessos da carreira – e da música brasileira: Garota de Ipanema. O ritmo símbolo da bossa e a letra versada sobre a figura feminina que fazia o imaginário da década 1950 ganhou o mundo.
Em 1964 Garota de Ipanema ganhou o Grammy de música do ano, batendo artistas como The Beatles, Rolling Stones e Elvis Presley. Até o fim da década de 1970, Tom Jobim havia apresentado clássicos como Samba do avião, Só danço samba, Ela é carioca e O morro não tem vez.
“Acho que uma das maiores importâncias (do trabalho dele) é ter levado a música brasileira para o mundo. Esse impulso da bossa nova foi brasileiro, foi do Tom, e o fato disso ter sido criado e ter ultrapassado tantas fronteiras é notável, é louvável. Agora cabe à população e ao governo nunca deixar esse legado desaparecer”, comenta Dicran Berberian, presidente do Clube de Bossa Nova de Brasília sobre a obra do carioca.
1970 em diante – Ao mesmo tempo em que gravava com artistas do peso de Frank Sinatra, Oscar Peterson, Ella Fitzgerald, Elis Regina, Miucha e Edu Lobo, Tom Jobim também brilhava nos festivais de música das emissoras de tevê brasileiras. A exposição internacional do carioca o levou a gravações ao vivo no Canadá, França, Estados Unidos e mais.
“Foram parcerias geniais. Tantos nomes foram atraídos pelo trabalho de Tom que marcaram a história da música e sempre ficaram na memória”, sugere Berberian. Sobre o sucesso internacional, o presidente do Clube de Bossa Nova de Brasília defende que a exposição lá fora conseguiu, apenas, ser mais comercial: “Não, acho que não faz mais sucesso lá fora não. O que ocorre é que lá fora ele consegue ser muito mais comercializado, e aqui nem tanto. Mas em termos de sucesso, acho que ele é consagrado em todo lugar”.
O último trabalho de estúdio de Tom Jobim foi O tempo e o vento, em 1985.