Consultas, grupos de apoio e medicamentos auxiliam fumantes a superar a dependência do tabaco.
Todos os anos, mais de sete milhões de pessoas morrem em todo o mundo vítimas de doenças relacionadas ao consumo do tabaco. O número da Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta para o combate ao tabagismo, que aumenta o risco do desenvolvimento de cardiopatias, câncer e diabetes.
Há três meses, Cassiano Santos está longe das carteiras de cigarro. O barbeiro que começou a fumar aos dezoito anos, decidiu tratar a dependência com a ajuda do Sistema Único de Saúde (SUS). “Estou me sentindo bem melhor, o fôlego é outro, o ânimo é outro, o cheiro, o paladar é outro, o olfato está melhor”, compara Cassiano.
Com o apoio do Instituto Nacional do Câncer (Inca), o Ministério da Saúde oferece tratamento gratuito aos dependentes em hospitais e unidades básicas de saúde como parte do Programa Nacional de Controle do Tabagismo. Para participar do tratamento, basta procurar uma das unidades portando a carteira de identidade e se cadastrar.
A abordagem dos pacientes começa com quatro sessões para avaliar a relação com o tabaco e definir o tratamento, além de verificar fatores que contribuem para o desejo pelo tabaco, como depressão e ansiedade. No caso de Cassiano, era o álcool que despertava a vontade de fumar. “Tenho uma filha de dezessete anos. Desde criança, ela reclamava, mas eu não conseguia parar de fumar porque eu bebia muito. Então você largando a bebida ajuda a largar o cigarro”, avalia.
Todo o tratamento dura cerca de um ano e consiste em consultas periódicas e seis reuniões em grupos de apoio para que os dependentes possam discutir o problema do tabagismo.
“A nicotina faz com que o paciente substitua situações do seu dia a dia pelo prazer da nicotina. O grupo de apoio vai ajuda-lo a encontrar novas alternativas para melhorar a qualidade de vida”, explica a enfermeira Amanda Cunha.
Para Cassiano, a prática de exercícios físicos auxilou a vencer a dependência. ”O tratamento é prolongado porque a taxa de recaída de um fumante é extremamente alta, perto de 50% de todos que param de fumar. Por isso, ele precisa discutir nessas reuniões como ele deve enfrentar essas recaídas quando elas aparecerem”, acrescentou o coordenador do programa de tabagismo do Distrito Federal, Celso Rodrigues.
Se a dependência é classificada como grave, os médicos indicam o uso do adesivo de nicotina para evitar que o paciente recorrer ao cigarro. Todos os medicamentos usados no tratamento são distribuídos gratuitamente para os pacientes por meio das secretarias de saúde dos estados.
Benefícios
Superar a dependência, portanto, pode trazer inúmeros benefícios para a qualidade de vida, sobretudo na redução do risco de desenvolvimento dessas doenças. Depois de três semanas sem fumar, a respiração e a circulação sanguínea ficam mais fáceis. Já um ano depois, o risco de morte por infarto cai pela metade. Com dez anos sem fumar, essa possibilidade se iguala a de pessoas que nunca fumaram.