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Tempos dos jogos (parte II) – Por André Aguiar

Retomando o tema do artigo anterior, as pessoas daqui da terra de Nossa Senhora das Neves, têm no compadrio uma de suas bonitas características, para quem não sabe, trata-se de uma qualidade, é um sentimento ou expressão de amizade, de cordialidade, esses laços se estendem de pais para filhos, fruto de uma geração que observava o dito popular que filho de peixe, peixinho é, não que isso seja uma regra, mas que aponta que grifa que nos induz ao bom convívio. Para uns uma visão romântica, para outros, valor importante, mas que aqui nesse espaço não vale a pena sopesar.

Para quem não leu o artigo anterior, eu falei sobre os tempos dos jogos das antigas, digo nem tanto assim não é?…rs… (décadas de 1970 e 1980) citei alguns esportes (futebol de salão, handebol, basquete, voleibol, natação, polo aquático, ginástica rítmica e olímpica), mas restaram outros que convivi e acompanhei de perto, até como recreação e laser e nem sempre como competição.

É preciso elencar alguns elementos importantes daquelas épocas, digo da necessidade de contextualizar, notadamente quanto a questão histórica e cultural.

Um dado importante de enfatizar é que João Pessoa na década de 1970 tinha aproximadamente 228 mil habitantes e na década de 1980 passou a ter cerca de 340 mil habitantes, ou seja uma cidade pequena, onde a base de sua fonte econômica, era formada por uma população de funcionários públicos, nas esferas municipal, estadual e federal.

Feitas essas observações, vamos lá ao cerne desse artigo, que são os esportes praticados e as pessoas que construíram essa história.

Como sabemos, o nosso bonito litoral favorece em muito a atividade dos esportes marítimos, naturalmente, existe um cenário bastante atrativo para isso: ventos constantes durante todo o dia por pelo menos, oito meses ao ano; mar raso e sem ondas; temperatura agradável da água. Esses atributos têm tornado o litoral paraibano em um dos polos mais atrativos para a prática desses esportes no Brasil.

Particularmente iniciei ainda na minha juventude a prática dos esportes marítimos no Hobie Cat, não como competição, mas como recreio mesmo.

Segundo os mais antigos, em meados da década de 70, os primeiros praticantes e incentivadores do hobie cat usavam para suas diversões, destacavam-se: José Alfredo Ribeiro, Italmar Monteiro (leia-se Cat Club/fundador), Moacir Rolim, Silvio Burity, Hélio Araújo (Campari) e Glauco Montenegro.

A primeira regata competitiva ocorreu no início da década de 1980 e foi ali do Iate do Jacaré até o Iate do Bessa, sob o patrocínio daquela edilidade sob a presidência do Comodoro Carneiro Braga.

Depois disso vieram os grandes festivais Hollywood e os campeonatos paraibanos nas categorias hobie cat 14 e hobie cat 16, no Iate capitaneado por Franklim Seixas, dentre outros e como não se lembrar de Italmar Monteiro (Cat Club)…no qual competiam muitos da minha geração a seguir relacionados: Neno Monteiro, Bernardo Cantinho, Paulo Sérgio Costa (Pirrinha), Fabinho Monteiro, Ronaldo Barroca, Toinho Boboca, Mauricinho Caldas, Remilson Honorato (JR), Alexandre Aguiar, Biba e Matheus Ribeiro, Fábio Espinar, Oswaldinho Trigueiro, Alexandre e Fred Gaudêncio, Dorgival Junior, e a família Franca (Igor Franca), dentre outros.

Nos barcos Optimist, tiveram como grandes incentivadores e precursores Amarílio Sales e Martinho Henriques, que inclusive fabricava barcos em madeira. Daí nasceu grandes velejadores da categoria como: Dilson e Gilson Sales, André Henriques, Juca e Maurinho Germóglio e André Montenegro. Depois vieram, Érico de Queiroz Gabínio, Wilson Veloso Júnior, Manolo Espinar, Leonardo Macêdo, Rodrigo e Beto Barroca, Cláudio Uchôa Filho, Israela Pontes, Marcos Salmazo, Fabiana, dentre outros.

O Windsurf também iniciou-se  aqui na Paraíba, ali na Praia de Manaíra, no final da década de 1970  onde os irmãos Fernando , Eduardo e Neto Carrilho trouxe as primeiras pranchas. Depois em 1981 aproximadamente, começaram as competições onde se destacavam os irmãos Carrilho, Saulo Sobreira, Roberto Chianca, Dilson e Gilson Sales.

Importante lembrar que Dilson Sales foi o primeiro campeão brasileiro, bem como Fernando Carrilho já se sagrando campeões brasileiros na categoria Windglider. Lembro ainda Roberto Chianca final da década de 80 e início anos 90 também com título brasileiro na categoria Raceboar, na época. Na categoria olímpica Anos 90 e início 2000 Rubem Lucena, foi várias vezes campeão brasileiro Slalom e Speed que vem a ser categoria mais rápida do Windsurf entre 2005 a 2010. Tem ainda Igor Sobreira conquistando o Sul Americano em Noronha de fórmula Windsurf e algum tempo depois Brasileiro de Slalom em Fortaleza. No mesmo intervalo 2005 á 2010 teve Victor Lucena com títulos brasileiros na categoria fórmula Windsurf.

Não poderia deixar de lembrar a primeira escola de Windsurf na Paraíba que é a V2 (1997) capitaneada por Junior e Saulo Sobreira, iniciada no hotel Tambaú e depois em Manaíra, onde funciona até os dias atuais.

Outro esporte que acompanhei de perto a sua fundação foi o Tiro Esportivo, quando em 1981 conheci o meu sogro de saudosa memória Zenildo Padilha, ele Padilha, era um apaixonado pelo esporte, foi inclusive o criador do estande da Academia de Polícia do Estado da Paraíba, lugar que capacita até hoje os policiais civis, bem como os seguranças das empresas privadas.

Ali na sua residência no bairro do miramar ele montou uma oficina para os amigos visando dar manutenção aos equipamentos que envolviam o esporte, e em consequência disso, passou a ser parada obrigatória para a maioria dos admiradores e praticantes desse esporte tão bonito que é o tiro.

Na verdade, a Federação Paraibana de Tiro Esportivo teve seu início no ano de 1974, tenho como Fundadores Zenildo Cordeiro Padilha, Coronel Carlos Elberto Vella, Walter Forte, Luiz Grevi, Josiney e Lidney Henriques, Paulo Dantas, Gilvan Coutinho, dentre outros.

Lembro ainda os Fundadores do Clube Pessoense de Tiro, Carlão, Custódio (PRF), Rogério Rosas,  José Alberto, Guerra,  Silvio Barreto, Júnior do Ó, Coriolano Dias, George Cunha Neto, Elmano, Ozildo, Padilha, Romualdo, José Corcino, Meireles, Beto Vilar, e por aí vai.

Vamos ao Tênis…Como falei no artigo anterior eu iniciei a jogar Tênis com aproximadamente 12 anos, na Praça São Gonçalo, ali no bairro da torre, numa quadra de cimento grosso, uma rede ao meio, onde nós mesmos pintamos o chão com as marcações. Outro detalhe importante era que nós jogávamos com uma raquete de frescobol de nylon e bola de tênis ou de frescobol mesmo (3 ao máximo)….rs….

Tem-se notícia que a primeira quadra de tênis na Paraíba foi edificada na cidade de Rio Tinto, na propriedade da família Lundgren e em João Pessoa a primeira foi no bairro de Jaguaribe, donde funcionava nos primeiros anos de existência o Clube Cabo Branco fundado em 1915 e transferido para o bairro de Miramar em 1965.

Os tenistas mais antigos foram: Clidenor Guimarães, Roberto Mesquita, José de Patrocínio de Oliveira Lima, Dr. Lavoisier Feitosa, Dr. Ivanildo Arruda, Nórdio de Araújo Guerra, Luiz Carrilho, Juarez Guedes, Marco Aurélio Feitosa, Mario Tavares, Orlando Padilha, Tota Vasconcelos, Guarberto Costa (Noca), Orlando Padilha, Roberto Mesquita, Clidenor Guimarães, Coronel Ernani, Wilmar Nunes, Emílio Romero (professor) salvo o engano e o esquecimento de outros nomes.

A Federação Paraibana de Tênis foi fundada em 1972, quando da realização de um campeonato nacional realizado na capital Cearense e ali no Hotel Excelsior, tendo como testemunha o então Presidente da Confederação Brasileira de Tênis Gabriel Carlos de Figueiredo, elegendo José do Patrocínio com 1º presidente, Lavoisier Feitosa, como vice e como diretor Técnico Eudoro Chaves.

Como falei anteriormente, as primeiras quadras de tênis de campo existiam no Rio Tinto Tênis Clube, Esporte Clube Cabo Branco, (as duas quadras de tênis do Cabo Branco chamavam-se Braz Cantisani, em homenagem a um Italiano que ajudou a difundir o Tênis na Paraíba. Tinha ainda as do Clube Astrea, Clube Campestre (Campina Grande). Com o passar do tempo tivemos também no Jangada Clube, Academia de Tênis da Paraíba, Centro Tenístico (Altiplano).

Os primeiros professores de tênis foi Carlos Ferreira, depois Severino Manuel Francisco, o Biu; o gaúcho Emílio Romero; o potiguar Cabral, o francês Albert e seu filho Bernard. Não poderia esquecer o professor de todos os boleiros que hoje são professores de tênis: José Macedo, pai de Airton, campeão mundial de Beach Tênis!

Em 1972, recebemos aqui em João Pessoa os maiores expoentes do tênis profissional do Brasil, Países da América do Sul, Canadá, dentre outros, na quadra do Cabo Branco.

Arquibancadas lotadas, foi o maior sucesso de público já visto no clube cabo branco, com a presença das estrelas da época como: Tomás Kock, Édson Mandarino, Kirmayr e o a época jovem Jorge Paulo Lemann, entre outros, que inclusive ficaram hospedados na residência de Lavoisier Feitosa no bairro Cabo Branco.

Outra tradição era O “Tênis a Fantasia” que acontecia de forma inusitada no período de Carnaval, com os tenistas jogando utilizando todos os tipos de fantasia carnavalesca. Ocorria no Cabo Branco, no Jangada Clube e também na quadra de tênis na casa de Praia de Lavoisier Feitosa.

Havia ainda os torneios realizados nos dias de aniversários dos tenistas, onde após o término era realizado um grande churrasco. Era realizado constantemente torneios e campeonatos envolvendo todas as categorias (idades), tudo isso visando incentivar a todos. Nos dias de chuva chegavam a jogar na quadra de “tacos” (tipo de piso) no ginásio coberto do Cabo Branco.

Na minha geração destacavam-se Lavoisier Feitosa Filho, Leonardo Feitosa, Landoaldo Falcão, Luciano, Sérgio e Bernardo Oliveira, Joás de Brito Pereira, Manfredo Guedes, Beto Ayres, Carlos Fábio entre outros.

Depois nas gerações mais recentes Joca e Alexandre Pontes (Joca inclusive foi campeão 6 anos seguidos do campeonato paraibano de tênis 1 classe e também campeão norte-nordeste).

No feminino bom lembrar de Niralda Chaves, Eliane Massa, Liana Rabay, Eliane Oliveira, Danusa Casado, Bety Chaves, Leila Rabay, Ana Claudia Penazzi, Renata Arruda, Larissa Borges, Andréia Feitosa, Kátia Feitosa, Nely Feitosa, Karine Feitosa (beach tênis) Luciana Dinoá.

Ao finalizar quero agradecer os amigos que me ajudaram a lembrar e a contar história desses esportes acima elencados, como: Paulo Sérgio Costa e Bernardo Cantinho (hobie Cat e optimist); Érico Gabínio (optimist); Saulo Sobreira (Windsurf),: Lavosier Feitosa e Otávio Falcão (Tênis); Tiro Esportivo (Coronel Pablo e Beto Vilar). Finalmente peço desculpas mais uma vez pelo esquecimento de tantos outros nomes e fatos que permearam essas lindas histórias do esporte paraibano.

Por André Aguiar em 27 de abril de 2021.

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