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Sotaques e Gírias – Por André Aguiar

O verão me lembra das férias, descanso, o remanso do mar verde azulado das praias por esse Brasil imenso e belo, cheiro de maresia, dos mergulhos em águas mornas e salgadas que me animam e saram as feridas, dos deliciosos frutos do mar, frutas da época, dentre tantas outras indeléveis lembranças que me conduzem à infância e juventude, renovam as minhas forças para seguir contente no ano que se inicia.

Nesse momento em particular, aumentou em muito o fluxo do turismo interno em todo o Brasil, seja pelas circunstâncias que o momento mundial exige em função das barreiras fronteiriças daqui e de alhures, seja ainda pelas variedades de opções que o turismo brasileiro oferece.

Afeito a uma boa conversa e ao laser contemplativo, percebi aqui na terrinha um aumento significativo de turistas desfrutando de nossas belezas, isso me fez pensar como é belo a capacidade de se comunicar, essa identidade própria de cada povo, de cada pessoa, uma verdadeira “impressão digital” do que somos e pensamos.

Entende-se que o Sotaque é uma maneira particular de determinado locutor pronunciar determinados fonemas em um idioma ou grupo de palavras e Gíria é a palavra ou expressão de caráter informal, usada em diálogos no cotidiano, cujo uso não se aplica à norma culta da Língua Portuguesa. Uma gíria faz parte da comunicação e, muitas vezes, contribui para o rápido entendimento entre as pessoas que pertencem a um mesmo grupo social.

Li em um artigo recente que, nessa recentíssima geração 2.2, – repisando uma linguagem própria da internet -, os nossos irmãos Lusitanos, influenciados pelos youtubers brasileiros não estão usando o “gajo” mas sim, “cara” e já não saem com a “malta” para ficar com a “galera”, virou moda se expressar em “brasileiro”, uma chuva de “joinhas” dominou a web Portuguesa, o sotaque e as gírias brasileiras estão na ponta da língua desses pré – jovens e jovens, deixam enlouquecidos seus pais que correm apressadamente para uma atualização, refazer seus backups…

No Brasil essa realidade se repete, não somente vindo do sul para o nordeste, mas também do nordeste para o sul, não importa, os ventos dos sotaques e gírias podem vir do sudeste, do norte, ou centro oeste, é um indo e vindo, como as ondas do mar.

Se “liguem aí”, como dizem alguns, o tempo mudou, se é bom ou é ruim eu não sei, mas admiro essa capacidade humana magnífica de se comunicar, de se readaptar, é uma linda concha de retalhos…

Não que ache interessante perder essa identidade do sotaque e das gírias nos quais somos portadores, por conveniências outras que a mídia possa exigir, ou até como dizem alguns, um falar politicamente correto.

Não. Nada mais contraditório e sem noção do que forçar um sotaque ou uma gíria por está aqui ou em terras distantes, apenas para agradar e vender uma falsa imagem do que somos. Não se trata disso. 

Precisa acontecer naturalmente, como um rio que corre, ou um vento que sopra, falar é deixar fluir, é traduzir pensamentos e desejos, trazer para fora as coisas do coração, é o que importa e nisso não há regras.

Engessar esse dom é tentativa vã de domínio e nesses tempos em que as liberdades individuais estão sendo tão atacadas, é salutar buscar essa libertação de falar o que pensamos, vamos, com efeito, nos comunicando, isso nos faz um só povo, uma só nação, pela palavra, pela língua portuguesa. Viva o Brasil!!!

Por André Aguiar, em 08 de janeiro de 2022.

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