Esta semana deve ser tensa no Palácio do Planalto, quando entra na reta final o mandato do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Ele deixa o cargo no próximo dia 17 e, até lá, a expectativa é que apresente uma segunda denúncia contra o presidente Michel Temer.
Se por um lado, depois da reviravolta envolvendo as delações da JBS, houve alívio por parte do governo – que viu as investigações do Ministério Público Federal (MPF) serem questionadas -, por outro, a partir da prisão do ex-ministro Geddel Vieira Lima, viu surgir uma preocupação.
Os aliados do presidente acreditavam que, após as suspeitas de omissão de fatos pelos executivos da empresa dos irmãos Batista, uma nova acusação contra o presidente, desta vez por obstrução de justiça e organização criminosa, ficaria comprometida.
Isso até a última sexta-feira (8), quando Geddel voltou a ser preso, depois que a Polícia Federal (PF) encontrou cerca de R$ 51 milhões dentro de um apartamento, em Salvador (BA), que seria utilizado por ele. O receio é de que o ex-chefe da Secretaria de Governo de Temer decida fechar acordo de delação.
Isso porque Geddel é tido como um dos homens de confiança do presidente, como citou o delator e suspeito de ser operador financeiro do PMDB na Câmara, Lúcio Funaro. Este, aliás, é outro nome que “causa arrepios” no Planalto. Em depoimento de colaboração premiada, o doleiro chegou a citar Geddel, ao afirmar que ele era “amigo e interlocutor” do presidente, além de “forte arrecadador de doações e propinas”.
Até o momento, Temer não comentou a prisão de Geddel, mas alguns aliados mais francos admitem que há uma tensão no entorno do presidente. Aliados calculam que Geddel pode dizer que agia só ou a serviço de quem estava nessa empreitada milionária. O ex-ministro está preso na Penitenciária da Papuda, em Brasília.