O advogado Rodrigo Tacla Duran, acusado de lavagem de dinheiro pela Operação Lava Jato, prestou depoimento à Justiça Federal de Curitiba na segunda-feira 27 e citou o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) e o deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR) em um caso de suposta extorsão. Ex-juiz e ex-procurador da Lava Jato, Moro e Dallagnol foram os responsáveis pela operação, deflagrada em 2014, que investigou o maior esquema de corrupção do país.
Duran fez as declarações na audiência de processo, conduzida pelo novo juiz da Lava Jato, Eduardo Appio, que se identificou no sistema como “LUL22”, e que assumiu recentemente os processos remanescentes da operação. Réu por lavagem de dinheiro para a Odebrecht, o advogado teve a prisão preventiva decretada por Moro. Mas, ao assumir a titularidade da 13ª Vara Federal, Appio revogou a ordem. Duran, que mora na Espanha, era considerado foragido, e o depoimento de ontem, o primeiro em sete anos, foi prestado por videoconferência.
Depois de Duran ter citado Moro e Dallagnol, a audiência foi encerrada, porque, como parlamentares, ambos têm foro no Supremo Tribunal Federal (STF). “Diante da notícia-crime de extorsão, em tese, pelo interrogado, envolvendo parlamentares com prerrogativa de foro, ou seja, deputado Deltan Dallagnol e o senador Sergio Moro, encerro a presente audiência, para evitar futuro impedimento, sendo certa a competência exclusiva do Supremo Tribunal Federal”, escreveu Appio, na ata da audiência.
Em nota, Moro disse que “não teme qualquer investigação, mas lamenta o uso político de calúnias feitas por criminoso confesso e destituído de credibilidade”. Disse que Duran é “uma pessoa que, após inicialmente negar, confessou depois lavar profissionalmente dinheiro para a Odebrecht e teve a prisão preventiva decretada na Lava Jato”. “Desde 2017 faz acusações falsas, sem qualquer prova, salvo as que ele mesmo fabricou”, afirmou, acrescentando que o advogado tenta, desde 2020, fazer delação premiada na Procuradoria-Geral da República, sem sucesso”. “Por ausência de provas, o procedimento na PGR foi arquivado em 9/6/22.”
Pelo Twitter, Dallagnol afirmou que o depoimento de Duran é “uma história falsa, requentada pela terceira vez, sem novidade e que já foi investigada pelo MPF e PGR, que a descartaram totalmente”.
Depois da audiência, o juiz Appio encaminhou Tacla Duran ao programa federal de testemunhas protegidas, “por conta do grande poderio político e econômico dos envolvidos”.
De fato, como disse Moro, Duran admitiu ter emprestado contas de empresas dele no exterior para a movimentação de recursos que a empreiteira mantinha em paraísos fiscais do Caribe. Ele chegou a ser preso em 2016, em Madri. Ele ficou detido três meses e conseguiu liberdade provisória. (RO)