Condições de altitude e gramado desfavoráveis, questionamentos ao árbitro, mas, acima de tudo, um grande adversário. O Flamengo não fez uma partida nos padrões que está acostumado em Quito. E a definição de “impressionante” dada por Jorge Jesus deixa claro que o Independiente Del Valle tem muito mérito nisso.
Com maior posse de bola (54%), mais finalizações (16 x 9) e até mais passes trocados (369 x 318), os equatorianos fizeram valer dos 2.850m de Quito e impuseram uma dificuldade rara ao Flamengo na era Jorge Jesus. O 2 a 2 da partida de ida da final da Recopa, na noite de quarta-feira, no Atahualpa, exigiu criatividade ao português que começou a partida com estratégia que não deu certo.
Ao surpreender com Diego na vaga de Gabigol – e não Pedro, como esperado -, Jorge Jesus deslocou Bruno Henrique para o comando de ataque, povoou o meio-campo e tentou minar a transição rápida com troca de passes do Del Valle. Não deu certo.
O Flamengo até pressionava a saída de bola, Gerson subia para auxiliar os atacantes e diminuir as opções de passe, mas a altitude obrigava os jogadores a fazerem mais sombra do que realmente espetar. Os donos da casa demonstraram entrosamento e tranquilidade para sair da armadilha do Mister.
O Flamengo corria mais atrás do que jogava, e tinha um Bruno Henrique isolado na tentativa de criar jogadas ofensivas. O gol anulado por impedimento foi uma rara boa jogada em que o atacante teve espaço para disparar após lançamento de Arrascaeta.
A essa altura, o Del Valle já tinha largado na frente com Murillo em cobrança de falta originada de vacilo em saída de bola. O gramado irregular atrapalhava e erros técnicos incomuns impediam que o Flamengo tivesse desafogo na etapa inicial.
Na volta do intervalo, Jorge Jesus trocou Diego por Vitinho, deslocou Arrascaeta pelo meio, e o Flamengo passou a jogar. Confiante, Vitinho se aproximou de Bruno Henrique para tabelar e foi bem também nas jogadas individuais.
A trocação passou a ser franca, e Arrascaeta mais uma vez achou Bruno Henrique para, agora em posição legal, empatar a partida. A lesão do camisa 27, melhor em campo, no entanto, não diminuiu o ímpeto rubro-negro e a partida seguiu lá e cá.
O Del Valle tentava esticar bolas nas costas dos laterais, e o Flamengo respondia com saídas rápidas sempre com Vitinho. Por ali, começou a virada, em jogada que encontrou a inteligência de Ribeiro e o oportunismo de Pedro.
Como já dito, porém, o Del Valle era um rival a altura e encontrou os espaços pelos lados. Guerrero chutou boa chance nas costas de Filipe Luís nas alturas, mas Murillo foi esperto ao cavar e levar pênalti no setor de Rafinha.
Empate com sabor amargo pela virada, pelos questionamentos do pênalti, mas justo pelo que as duas equipes jogaram. O Del Valle foi melhor por mais tempo durante os 90 minutos. O Flamengo é melhor como um todo.
Quarta que vem tem mais. Agora, sem altitude e com gramado bom. No Maracanã.
G1