O Quênia manteve o seu domínio na 98ª edição da São Silvestre e venceu tanto no masculino como no feminino. Entre os homens, Timothy Kiplagat Rono venceu com o tempo de 44min52, enquanto Catherine Reline levou o bicampeonato em 49min54 entre as mulheres.
Com isso, o Brasil viu o seu jejum de vitória na mais tradicional prova de rua do País aumentar. No feminino, o último triunfo aconteceu com Lucélia Peres, em 2006. No masculino, Marilson Gomes dos Santos ganhou em 2010, na última vez que um brasileiro esteve no topo do pódio.
Prova masculina – Timothy Kiplagat Ronoh colocou um bom ritmo desde o início da prova e não diminuiu o ritmo nem na temida subida da Brigadeiro Luis Antônio, último trecho antes do retorno para a Avenida Paulista. Ele chegou até pedir os aplausos do público presente na rua da capital paulista.
Emmanuel Bor (45min28s) e Reuben Longosiwa (45min44s), também do Quênia, ficaram com a segunda e terceira posição, respectivamente.
O melhor brasileiro foi Jonatas de Oliveira Cruz, que terminou em sexto lugar, e levou a premiação de R$ 10 mil. O competidor tinha o sonho de ser jogador de futebol, mas encontrou na corrida uma outra paixão. “Não deu para realizar o sonho de ser jogador, mas a gente dá para o gasto como atleta”, brincou, em entrevista à Globo, após cruzar a linha de chegada.
Prova feminina – Como na vitória em 2022, Catherine Reline começou a prova em ritmo forte. Porém, desta vez, ela tinha companhia. Sheila Chelangat, do Quênia e Wude Ayalew, da Etiópia, tentaram acompanhar a corredora de 21 anos no início da prova.
Porém, com passadas largas, a agora bicampeã abriu grande vantagem e venceu com muita facilidade. A compatriota ficou em segundo lugar e a etíope foi terceira colocada.
A melhor brasileira foi foi Felismina Cavela, que chegou no 6º lugar. Ela também ganhou o cheque de R$ 10 mil por ser a atleta nacional mais bem colocada na prova. Angolana naturalizada brasileira comemorou o desempenho: “É um orgulho representar o Brasil. É um país que me acolheu muito bem.”
Histórico da prova – O maior vencedor da São Silvestre é o queniano Paul Tergat, com cinco títulos (1995, 1996, 1998, 1999 e 2000). No feminino, a portuguesa Rosa Mota lidera com seis vitória consecutivas de 1981 a 1986.
Apesar da chegada do verão e da onda de calor que afetou o País recentemente, a prova deste ano foi realizada com clima ameno, com temperatura de 21 graus. O clima ensolarado foi propício para a festa dos corredores anônimos, que compareceram à corrida com as tradicionais faixas e fantasias — Chapolim Colorado, Homem-Aranha e Hulk eram alguns dos personagens presentes nas ruas de São Paulo.
Cerca de 35 mil corredores para o tradicional percurso de 15 quilômetros, que passa por alguns dos principais pontos turísticos de São Paulo, como o Estádio do Pacaembu e a Praça da República. Tanto a largada quanto o cruzamento da linha de chegada acontecem na Avenida Paulista, cartão postal mais famoso da capital.
Como surgiu a corrida de São Silvestre? O idealizador da prova de São Silvestre foi o jornalista Cásper Libero. Em 1924, ele assistiu a uma competição noturna em Paris, na França, na qual os atletas percorriam o trajeto portando tochas de fogo e resolveu implementá-la no Brasil na virada do ano. A primeira corrida foi disputada à meia-noite do dia 31 de dezembro de 1924. Alfredo Gomes, apelidado de Rei do Fôlego, terminou na frente entre os 48 inscritos, com o tempo de 23min10s4/100. O percurso era de 8.800 metros. Na primeira edição, apenas moradores da cidade podiam participar. A prova foi aberta a todos os brasileiros alguns anos depois.
Quem foi São Silvestre? O nome da corrida é inspirado em Silvestre I, o 33º papa da história do Catolicismo. Nasceu em Roma, em 295, e foi papa entre 314 a 335. Iniciou sua vida como papa com a missão de organizar Igreja Católica depois do decreto do imperador Constantino, que colocou fim à perseguição aos cristãos. Responsável por instituir o domingo como dia santo, ele morreu em 31 de dezembro de 335, razão pela qual a data se tornou o Dia de São Silvestre — após sua morte, foi canonizado santo pela Igreja e passou a ser referido como São Silvestre. Por ser realizada no último dia de cada ano, a corrida foi batizada com seu nome.
Terra – *Com informações do Estadão Conteúdo – Foto: Agencia Brasil