Logo após o desaparecimento do deputado Genival Matias, publiquei uma rápida pesquisa indicando quantos e quais deputados paraibanos faleceram no exercício do mandato. Admiti que poderia esquecer alguns nomes. Depois de receber um telefonema do historiador e acadêmico Humberto Melo fiz uma revisão no texto e fui em busca de outras fontes. Constatei o esquecimento de dois nomes: os deputados Álvaro Gaudêncio de Queiroz e Luiz Ignácio Ribeiro Coutinho, o primeiro vinculado ao cariri e o segundo à várzea do Paraíba.
O deputado Álvaro Gaudêncio era deputado desde a Assembleia Constituinte de 1947 e herdara a área de atuação política do seu irmão, senador José Gaudêncio, expressão maior do epitacismo e depois, opositor ferrenho de João Pessoa. Fui quase testemunha do mal súbito de que foi vitima naquele primeiro dia de fevereiro de 1967.
Frequentador assíduo do terraço, já no quintal, onde o deputado Clovis Bezerra recebia as visitas e fazia as refeições, estava presente quando chegou o deputado Álvaro Gaudêncio, reclamando da solução encontrada pelo governador João Agripino para eleger a nova mesa da Assembleia. Era uma chamada mesa eclética, com a participação de todos os partidos. Nessa repartição do bolo, o cargo de segundo secretário coubera ao seu principal adversário no cariri, o deputado Nivaldo Brito, herdeiro da animosidade fundada por seu pai Tertuliano de Brito, ex-presidente da Casa. Naquele tempo, os adversários não se toleravam e a ascensão de Nivaldo foi considerada pelo velho Álvaro como uma hostilidade à sua liderança. Clovis Bezerra ouviu as queixas e tentou conciliar. Álvaro se despede e parte para Campina Grande, onde residia. Na estrada, passa mal e, a 12 de fevereiro nos deixa.
Na vaga aberta com o falecimento do deputado Álvaro Gaudêncio, assume o primeiro suplente da ARENA, Silvio Pélico Porto. Tornou-se efetivo no mandato que exerceu com raro brilhantismo.
O deputado Luiz Ribeiro Coutinho, irmão de Renato e de João Úrsulo, ambos com histórico de deputados federais era o que restava de
representatividade da família, composta ainda por um agregado político, o deputado João Batista de Lima Brandão. Luiz Ribeiro era um figura simpática. Lembro dele quando Carlos Lacerda aqui esteve, pregando sua candidatura a presidente. Em um “pavilhão de caça” existente no casarão em que residia, na avenida João Machado, houve um encontro com a imprensa e eu estava lá. Fiquei mais distante pois era naquele tempo vinculado a Sala de Imprensa do Palácio. Luiz Ribeiro me conhecia da Assembleia, onde eu era funcionário. Aproximou-se de mim e sugeriu: “Grita aí: queremos dr. Renato para governador!”Eu que sempre fui irreverente, respondi na bucha:” Por que o senhor não grita, já que é o dono da casa?’ Lacerda não ouviu essa manifestação pró Renato.
O deputado Luiz Ribeiro faleceu a 4 de setembro de 1968 e na sua cadeira tomou assento o segundo suplente da ARENA, o dentista e bravo líder do Piancó, Antônio Leite Montenegro que, foi ser prefeito do Piancó e voltou à Assembleia na oitava legislatura (1975-1979), quando fomos colegas de bancada.
Por favor, não digam que esqueci algum defunto ilustre.
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