Caso se confirme a expectativa e venha a declarar apoio à candidatura de Guilherme Boulos (Psol) no segundo turno em São Paulo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve ter papel coadjuvante na campanha do líder do MTST. Os Psol quer evitar que Bruno Covas (PSDB) use o antipetismo contra Boulos.
Segundo um dirigente do Psol, Lula não vai aparecer sozinho na campanha de Boulos. Se Lula vier a declarar apoio, como ele próprio sinalizou no domingo, sua imagem será usada ao lado de outros líderes da esquerda. O próprio Boulos disse que espera formar uma frente em defesa da justiça social em São Paulo no segundo turno. A esperança é trazer para a campanha nomes como os de Marina Silva (Rede), Ciro Gomes (PDT) e Flávio Dino (PCdoB), Lula seria apenas mais um.
O Psol já identificou a estratégia do PSDB de tentar “colar” em Boulos a tarja do antipetismo e se prepara para evitar isso. Uma das táticas é diluir o apoio do PT entre o de outros partidos, outra é lembrar que o Psol nasceu de uma dissidência do PT descontente com os rumos do próprio governo Lula.
Indagado pelo Estadão domingo à noite sobre qual seria a participação do ex-presidente, com quem tem fortes vínculos políticos e pessoais, em sua campanha, Boulos se esquivou. “Esperamos apoio de todos os que queiram construir uma aliança em São Paulo pela justiça social e combate à desigualdade”, disse o candidato.
Boulos já recebeu apoios pessoais do candidato derrotado do PT, Jilmar Tatto, e do ex-prefeito Fernando Haddad, ambos do PT. Na manhã desta segunda-feira, 16, Lula usou as redes sociais para comemorar a derrota do bolsonarismo nas eleições municipais. Ele parabeniza “companheiros de outros partidos”, mas não cita nomes.
“Parabéns aos nossos candidatos e candidatas e a nossa aguerrida militância que percorreu o país em tempos tão desafiadores. E aos nossos companheiros de outros partidos que apresentaram excelentes resultados lutando o bom combate, sem agressões e com respeito ao nosso PT”, escreveu o ex-presidente.
No domingo de manhã, Lula disse que a decisão de não desistir da candidatura na reta final para apoiar Boulos foi inteiramente de Tatto. A declaração foi interpretada como um sinal em favor do candidato do Psol.
Nesta segunda-feira, o diretório nacional do PT se reuniu para fazer um balanço das eleições e apontar os rumos do segundo turno. O partido disputa apenas duas capitais, Recife e Vitória. O diretório municipal de São Paulo também vai se reunir para decidir sobre o apoio formal a Boulos.
com terra – Ricardo Galhardo