Caso Master
PF também teria sido pressionada por Alexandre de Moraes
Banqueiros e autoridades com trânsito em Brasília afirmam ter recebido relatos considerados confiáveis sobre uma suposta atuação de Alexandre de Moraes para influenciar decisões envolvendo o Banco Master. A informação foi levantada pela colunista Mônica Bergamo, da Folha de SP.
Segundo essas fontes, além de contatos com o Banco Central, o magistrado teria demonstrado interesse direto no avanço das investigações conduzidas pela Polícia Federal sobre o caso.
De acordo com essas informações, integrantes da PF teriam comentado que Moraes procurou saber detalhes do andamento do inquérito. Ainda segundo os relatos, o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, teria levado o assunto a Lula e ouvido como resposta: “Faça o que for necessário”.
O episódio ganhou ainda mais repercussão pelo fato de Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro, atuar como advogada do Banco Master. O escritório dela firmou contrato de R$ 129 milhões com a instituição, conforme revelado pelo jornal O Globo.
As informações já teriam chegado à cúpula da Polícia Federal. Procurado pela colunista, Andrei Rodrigues negou qualquer conversa com Alexandre de Moraes sobre o tema.
“Eu já ouvi isso por aí, mas é mentira. O ministro Alexandre de Moraes nunca falou comigo sobre esse assunto”, afirmou. O diretor-geral acrescentou que mantém diálogo frequente com o magistrado por conta de inquéritos sob relatoria dele no STF, mas reforçou: “Nunca surgiu o assunto do banco Master”. Rodrigues também negou ter tratado do tema com o presidente Lula.
A assessoria do STF informou que Alexandre de Moraes rejeita qualquer tentativa de interferência em investigações ou decisões administrativas. Em novembro, a Polícia Federal prendeu o presidente do Banco Master, Daniel Vorcaro, e a instituição acabou sendo liquidada pelo Banco Central.
Nesta semana, reportagem da colunista Malu Gaspar, do O Globo, afirmou que Moraes teria pressionado o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, em defesa de interesses do Banco Master.
Segundo a publicação, o ministro teria feito ao menos três ligações questionando o andamento da operação de venda da instituição para o BRB, além de participar de uma reunião presencial. Moraes nega ter exercido qualquer tipo de pressão sobre Galípolo. Reportagem do Estadão fala em até seis telefonemas em um só dia.
Em nota, o STF declarou que o ministro conversou com o presidente do Banco Central exclusivamente sobre as sanções impostas a ele pela Lei Magnitsky e afirmou que “inexistiu qualquer ligação telefônica entre ambos, para esse ou qualquer outro assunto”.
O texto também ressalta que Moraes “esclarece que o escritório de advocacia de sua esposa jamais atuou na operação de aquisição BRB-Master perante o Banco Central”. O BC confirmou apenas o encontro entre Galípolo e Moraes para tratar da Magnitsky, sem informar se outros temas foram discutidos.
Foto: STF; Fonte: Folha de SP