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O Filho do Jardineiro – Por André Aguiar

Se nos desertos Deus fala ensinando e exortando, nos jardins Ele passeia junto com o homem, manuseia o húmus, cria e modela a humanidade, tráz a existência o que não existia, É a Mão do Criador.

Jardinagem é uma atividade edificante, é trabalho físico. Exerci profissionalmente na condição de agrônomo, ainda muito jovem. Por isso sei que é preciso ter paciência e atenção, bem como um complexo grau de conhecimento, para saber como cultivar múltiplas formas de vida. Também é preciso coragem para admitir a incompetência pessoal quando as colheitas falham, e uma dose de humildade para enfrentar as perdas que ocorrem apesar dos nossos esforços.

Não é por acaso que nos jardins, talvez pela nossa essência humana que nos une ao Criador que é a vida terrena, sejam eles, digo os jardins, um lugar agradável. Cores e formas unem-se harmoniosamente, muitos cheiros e sabores advêm dali, sons maravilhosos e brisa suave, é só fechar os olhos e imaginar, façamos a experiência !

Infelizmente, porém, o homem tornou-se em muitos momentos a antítese do jardineiro, desse mesmo Criador celestial do Jardim perfeito, cultivador de almas, o dono desse celeiro espiritual e material.

Quando Ele, Deus, observou o jardim da humanidade,  o viu caído, precisou dessa forma, levantá-lo, soerguê-lo, curá-lo, aqui e ali com ervas amargas que crescem em solo endurecido e carrancudo.

Quando Ele passeou no jardim do édem, – que significa alegria –  e procurou a mulher que traria seu filho para curar o homem, (antecipando aquele Jesus, o “jardineiro” do dia da ressurreição) não encontrou lá, somente foi encontra-la numa “Choupana em Nazaré”, contemplou em Maria, uma Senhora Menina, um solo fértil, Deus então cantou exaltando-a:

“Suas faces são um jardim perfumado onde crescem plantas perfumadas. Seus lábios são lírios que destilam mirra líquida” (Cântico dos Cânticos 5, 13)” e ainda: “ O meu bem-amado desceu ao seu jardim, aos canteiros perfumados; para apascentar em meu jardim, e colher lírios. (Cântico dos Cânticos 6, 2)” e continuou; “Eu desci ao jardim das nogueiras para ver a nova vegetação dos vales, e para ver se a vinha crescia e se as romãzeiras estavam em flor. (Cântico dos Cânticos 6,11)” Ele não mais parou;  “Eu disse: “Regarei as plantas do meu jardim, darei de beber aos frutos de meu prado” (Eclesiástico 24, 42).

Através de Seu filho, no qual celebramos o seu nascimento nesses dias vindouros, começou a restaurar o Jardim, por isso João viu uma nova terra descendo dos céus. Somos um jardim para nosso Deus e Pai, e Jesus o Filho do Jardineiro Celestial que cultiva o doce fruto do Amor em nós. O Pai e Filho são os Eternos Jardineiros.

O Senhor Deus na verdade tem sido um jardineiro desde o início dos tempos, cuidando de todas as criaturas e cultivando as condições em que a vida possa florescer.

Quando nos colocamos nos caminhos Dele e fazemos isso bem, participamos nos trabalhos do próprio Deus para proteger e nutrir o
mundo. Nós fomos criados para contribuir na incrível fertilização da vida. Somente assim, somos capazes de apreciarmos a vida, sua beleza, seu sabor e aromas maravilhosos.

Precisamos voltar a jardinagem verdadeira, cultivando vidas para gerarem frutos de vida que agradam o Criador e que fazem do jardim um lugar alegre. É tempo de disciplinar os nossos sentidos. Tempo de buscarmos na essência do Criador, as formas e desejos que Ele havia posto no nosso ser desde a criação, para agirmos como verdadeiros jardineiros do seu jardim. Esse tipo de ensino aprendemos melhor quando estamos no jardim com Deus, O jardineiro eterno.

Que nesse ano que se aproxima, mirando-se nos conselhos básicos para ser um bom jardineiro e com a contribuição fundamental do Filho do jardineiro, possamos tomar algumas atitudes; A uma; Certificar-se inicialmente de que as escolhas fazem “sentido” para a nossa área (vida). A duas; Escolher um local para começar nosso jardim e planejar os canteiros. A três; Escolher as ferramentas apropriadas para a missão de jardineiro. A quatro; Testar o solo e se necessário construí-lo. A cinco; Escolher as sementes ou mudas corretas plantando-as com cuidado. A seis; Cuidar com carinho e amor do jardim. A Sete; Aproveitar a nossa colheita em 2022 que se aproxima. Amém!!! 

Por André Aguiar, em 25 de dezembro de 2021.

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