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O caminho das pedras

O tema não é novo, mas é sempre atual, ainda mais nesses tempos tão difíceis no qual a humanidade inteira está passando, surgem perguntas do porque de tanto sofrimento, quais os caminhos que estamos seguindo, quais os que seguiremos e até mesmo há aqueles que olham para os caminhos antes percorridos, (olham pelo retrovisor) tudo isso porque existe dentro de nós, entre todos os povos e gentes, uma ânsia de felicidade, o desejo incontido da paz e do bem estar, o homem precisa singrar os mares…

Alguns dirão que já passamos por tudo isso, a história se repete, vide as guerras e tantos outros problemas enfrentados pela humanidade, seja de ordem pessoal, seja de ordem comunitária, outros que em nenhum momento na história, enfrentamos um problema com tamanha dimensão e gravidade. Mas essa reflexão e conclusão eu deixo para que cada um, o faça em seu universo próprio.

O que eu sei é que, mesmo antes de nascer, há um caminho a perseguir, o caminho da alma antes de chegar ao corpo, por exemplo, ou ainda no caminho da fecundação.

Os espermatozoides enfrentam uma longa e difícil jornada em direção ao óvulo, passando pela cerviz, eles adentram ao útero. Apenas alguns em 14 milhões dos espermatozoides ejaculados chegarão aos tubos de falópio, mas uma vez lá, o espermatozoide deve utilizar-se de sinais químicos advindos do óvulo para guiá-los no caminho de seu encontro e o espermatozoide vencedor, aquele fecundado, derrotou outros 300 milhões de concorrentes, uma linda e vitoriosa caminhada.

Há, portanto nessas caminhadas as pedras, aí tidas como dificuldades por muitos e para outros, a depender das circunstâncias, como auxílio e crescimento.

Para nós Cristãos as pedras, as dores, tem um significado diferente, não por sermos masoquistas, por óbvio, mas servem em muitos casos como impulso, como propulsores nas adversidades da vida, como diz meu pai; “o avião só sobe contra o vento”.

O ser humano, que vive no plano intelectivo, sofre mais ainda. Não somente sente dor física ou moral, mas também reflete sobre a sua dor, o que o faz sofrer duplamente.

Não somente o ser humano necessita da adversidade para crescer, tomo como exemplo a lagarta no casulo, que para seu pleno desenvolvimento precisa com seu esforço próprio, romper o seu invólucro para poder se transformar em uma borboleta, mas se porventura tiver alguma ajuda externa nesse rompimento, seu ciclo ficará comprometido e ela se tornará defeituosa ou não nascerá. O animal irracional (cão, gato, onça etc.) sofre, gemendo, chorando, urrando…, pois tem a vida sensitiva, por isto sente a dor. É uma lei natural.

Somente o mineral não sofre. Pode ser talhado e martelado sem que sinta dor. É totalmente insensível; o vegetal, quando agredido, reage. A planta da qual se corta um ramo, tende a se restaurar…

Pois bem. Quem não vencer a dor, as pedras do caminho, não vencerá a vida. Compreendê-la é compreender a própria existência. “O problema da dor é a pedra de toque de toda a filosofia”. E podemos mesmo acrescentar: de cada homem e mulher.

Nesse grande mistério percebemos sentido e a finalidade da dor, das pedras do caminho, pois nem a ciência nem a experiência de vida bastam para explicá-la. A abundante reflexão filosófica sobre o tema desenvolvida ao longo dos séculos nos deixa sempre a sensação de incapacidade, entretanto a fé, a esperança ou ainda esse espírito de resiliência, dessa força que vem do Alto, permite realmente lidarmos, administrarmos as dificuldades da vida.

Sabe-se que no plano físico, a dor faz o papel de vigilante a nos alertar que algo no corpo – ainda que oculto à primeira vista – não vai bem. É ela quem nos leva a buscar o auxílio médico; no plano moral, são os grandes desafios que nos fazem crescer e amadurecer, o sofrimento é escola.

Essa pandemia levou o ser humano a enxergar melhor sua pequenez e que o desespero, o terror ou desânimo não contribui. Ao tempo em que, jogar-se confiante nas mãos de Deus alivia e alegra, revigora as forças interior e exterior.

Quem compreende isso, entende que, apesar de seus muitos sofrimentos, há em nós, uma capacidade infinita de readaptação, ou seja, dessa virtude de contornar os caminhos das pedras, de utilizá-la como apoio, como instrumento de luta, de proteção e defesa.

Parafraseando o Professor João Aguiar; “SANTO DE CASA NÃO FAZ  MILAGRES, MAS ENSINA OS CAMINHOS DAS PEDRAS”.    

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