Guerra

Moscou diz que alertas dos EUA sobre invasão são ‘histeria’, mas retira parte de seus diplomatas da Ucrânia

O Ministério das Relações Exteriores russo classificou os alertas americanos sobre uma invasão iminente da Ucrânia pela Rússia como propaganda e “histeria”, e sugeriu que eles poderiam ser uma cobertura para um ataque que estaria sendo preparado pelas forças ucranianas contra separatistas pró-Moscou no Leste do país.

Embora a Ucrânia negue ter tais planos, o Kremlin informou neste sábado que está retirando parte de seu pessoal diplomático do país, caracterizando a decisão como uma resposta a medidas semelhantes anunciadas na sexta-feira e neste sábado por países ocidentais e seus aliados — Washington ordenou hoje que apenas o pessoal diplomático essencial continue na capital, Kiev. Além da embaixada em Kiev, a Rússia tem consulados em em Lviv, Odessa e Kharkiv.

“Estamos chegando à conclusão de que nossos colegas americanos e britânicos parecem ter informações sobre certas ações militares que estão sendo preparadas na Ucrânia. Nossa embaixada e consulados continuarão exercendo suas principais funções”, disse Maria V. Zakharova, porta-voz da Chancelaria russa, em comunicado.

O conflito entre os separatistas pró-Moscou na região de Donbass, no Leste da Ucrânia, se prolonga há oito anos, desde que um movimento popular apoiado pelo Ocidente derrubou um governo aliado da Rússia em Kiev. Os chamados Acordos de Minsk, mediados por França e Alemanha para encerrar esse conflito, foram descumpridos pelos dois lados, e Berlim e Moscou vêm tentando retomá-los.

Os movimentos da Rússia fazem parte de uma guerra de informações em andamento entre Moscou e o Ocidente, com cada lado acusando o outro de incitar as tensões. “Um ataque coordenado de informação está sendo realizado contra Moscou”, disse na sexta à noite o Ministério das Relações Exteriores russo, em outro comunicado.

Segundo o ministério, os alertas de invasão “têm como objetivo minar e desacreditar as demandas justas da Rússia por garantias de segurança, bem como justificar as aspirações geopolíticas ocidentais e a absorção militar do território da Ucrânia”.

O governo de Vladimir Putin vem usando a concentração de tropas na fronteira da Ucrânia para barganhar uma série de exigências russas, que há tempos se queixa da expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) para perto de suas fronteiras. Entre as demandas estão um veto à entrada da Ucrânia na Otan e a retirada de armamentos de países do Leste europeu que entraram para a aliança militar liderada pelos EUA após o fim da União Soviética, há 30 anos.

Na sexta-feira, Jake Sullivan, conselheiro de Segurança Nacional do presidente Joe Biden, disse a repórteres na Casa Branca que a Rússia pode escolher em muito pouco tempo iniciar uma grande ação militar contra a Ucrânia, mas acrescentou que as autoridades não podem ter certeza exatamente quando, ou se, o líder russo pode decidir invadir.

O risco agora é alto o suficiente e a ameaça agora é imediata o suficiente para que tenhamos a prudência exigida.  Acreditamos que ele pode muito bem dar a ordem final, mas não estamos aqui diante de vocês hoje dizendo que a ordem foi dada — disse Sullivan.

Biden conversou com outros líderes aliados na sexta-feira em uma ligação que incluiu o chanceler Olaf Scholz da Alemanha; os primeiros-ministros Boris Johnson, do Reino Unido, Mario Draghi, da Itália e Justin Trudeau, do Canadá; e os presidentes Emmanuel Macron, da França, Andrzej Duda, da Polônia, Klaus Iohannis, da Romênia, Ursula von der Leyen, da Comissão Europeia, e Charles Michel, do Conselho Europeu; e o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg.

Os líderes se reuniram virtualmente por cerca de 80 minutos, em uma ligação que inicialmente deveria ser centrada em “diplomacia e dissuasão”, segundo a  Casa Branca.

Globo.com – Mundo

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