A comunidade católica amanheceu de luto. Morreu na noite deste domingo (27) o arcebispo emérito da Paraíba dom José Maria Pires, aos 98 anos. Combativo, atuante, com posições fortes e acima de tudo, um missionário a serviço da vida e do Reino de Deus.
Dom José foi hospitalizado depois de chegar doente de uma viagem a trabalho para celebrar em uma festa de Nossa Senhora do Rosário e os médicos já tinham adiantado que o quadro dele era delicado por conta da idade. Até as 23h30 deste domingo ainda não tinham sido definidos os detalhes do velório e do sepultamento. Natural de Córregos, em Minas Gerais, dom José Maria Pires tinha 70 anos de ordenação como padre e 60 como bispo. Como bispo, foi presidente da Comissão Episcopal do Nordeste 2, que reúne os estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas. Ele foi o quarto bispo da região metropolitana de João Pessoa e esteve à frente da Igreja Católica na Arquidiocese entre os anos de 1966 e 1995.
A última visita com agenda oficial do Dom José a Paraíba aconteceu em maio, quando ele participou da posse do atual Arcebispo, dom Manoel Delson. Alguns dias antes, ele tinha representado a Arquidiocese durante a assembleia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, evento em que era o bispo mais velho. E no último dia 13 ele fez uma palestra sobre Concílio Vaticano II e Doutrina Social da Igreja em Belo Horizonte.
Em nota oficial, dom Delson destacou que a morte de dom José aconteceu no domingo em que a Igreja celebra a vocação do catequista e tratou o bispo como “um grande pastor”.
“Dom José foi um dos catequistas mais ativos e humildes à frente do seu rebanho, e que soube impor a sua voz, sempre que necessário, em defesa dos menos favorecidos”
Dom Delson também lembrou que dom José era chamado carinhosamente de “Dom Pelé” pelos paraibanos.
Dom José Maria Pires nasceu no dia 15 de março de 1919, na cidade de Córregos (MG), filho de Eleutério Augusto Pires e Pedrelina Maria de Jesus. Foi ordenado presbítero no dia 20 de dezembro de 1941, em Diamantina (MG). No dia 25 de maio de 1957 recebeu a nomeação episcopal, e a sagração ocorreu no dia 22 de setembro de 1957, em Diamantina.
Foi formado em Teologia e Filosofia pelo Seminário de Diamantina (MG), cursos que realizou entre 1936 e 1941. Antes de ser Bispo, Dom José foi pároco de Açucena-MG (1943-1946); diretor do Colégio Ibituruna em Governador Valadares-MG (1946-1953); missionário diocesano (1953-1955); e pároco de Curvelo-MG (1956-1957). Atuou como Bispo em Araçuaí-MG (1957-1965), de onde veio para ser Arcebispo da Paraíba (1966-1995). Foi também membro da Comissão Central da CNBB e Presidente da Comissão Episcopal Regional-NE2.
Na biografia de Dom José destaca-se a sua atuação na época da Ditadura Militar, quando desenvolveu um trabalho pautado na conjunção da atividade religiosa com a defesa dos direitos humanos, com vistas à mudança social. Prestou apoio nos conflitos pela terra na Paraíba, defendendo camponeses de perseguições. E lutou contra a discriminação e o racismo, incentivando a organização e a luta dos afro-brasileiros.
Dom José tinha como lema episcopal: “Scientiam Salutis” (A ciência da Salvação). Foi o quarto Arcebispo da Paraíba. O seu antecessor foi Dom Mário de Miranda Vilas-Boas, que assumiu o cargo em 1959 e renunciou em 21/05/1965. O Mons. Pedro Anísio Bezerra Dantas foi Vigário Capitular da Arquidiocese da Paraíba de 21/05/1965 a 27/03/1966 (período compreendido entre a renúncia de Dom Mário e a posse de Dom José). Dom José Maria Pires ficou à frente da Arquidiocese de 1966 até 29/11/1995. Foi sucedido por Dom Marcelo Pinto Carvalheira.