O ministro da Economia, Paulo Guedes, demitiu, nesta quarta-feira (11/09/2019), o secretário especial da Receita Federal, Marcos Cintra. Ele era o nome forte da reforma tributária elaborada pela governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL).
Professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Cintra é defensor do imposto único e da criação de um Imposto sobre Transações Financeiras (ITF), aos moldes da antiga Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF).
Paulo Guedes teria ficado insatisfeito com Cintra pela rejeição à proposta de reforma tributária, que inclui a criação do tributo semelhante à CPMF. O Congresso não recebeu bem as alíquotas de 0,2% e 0,4%, propostas pelo secretário.
Guedes já tinha avisado a interlocutores que se Cintra não viabilizasse a criação do novo imposto não teria condições de ser o negociador da reforma tributária em nome do governo.
Em nota, o Ministério da Economia explicou o “pedido de exoneração” do secretário especial da Receita Federal. “Ainda que não há um projeto de reforma tributária finalizado. A equipe econômica trabalha na formulação de um novo regime tributário para corrigir distorções, simplificar normas, reduzir custos, aliviar a carga tributária sobre as famílias e desonerar a folha de pagamento”, destaca o texto.
Repercussão – A demissão é mais uma reviravolta da criação do novo imposto.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ),vê dificuldades na aprovação da nova CPMF no Congresso. “Não acho que seja uma coisa simples e no Brasil de hoje é muito difícil passar”, afirmou.
O relator da reforma tributária da Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), descartou qualquer possibilidade de incluir o imposto. “Não existe ambiente”, destacou.
A cobrança do tributo foi suspensa pelo Congresso em 2007. O debate sobre o imposto foi retomado pela última vez em 2015, no auge da crise econômica do país.