Julgamento de Lula

Manifestações contra e pró-Lula devem marcar véspera do julgamento

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Na véspera do julgamento mais importante do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, Porto Alegre — e diversas cidades do país — se preparam para conviver com milhares de manifestantes favoráveis e contrários à condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O próprio Lula confirmou presença em um ato marcado para a Esquina Democrática, na capital gaúcha, no fim da tarde de hoje. “Vou lá participar das mobilizações que vão ocorrer, encontrar com quem me apoia e quer minha candidatura. Eu não posso ser deixado de lado em uma disputa política porque os que não gostam de mim não querem que eu seja candidato”, disse o ex-presidente, em um encontro com sindicalistas na sede do instituto que leva o seu nome, em São Paulo.

Porto Alegre vai ferver, já que os atos contra e a favor de Lula ocorrerão a pouco mais de três quilômetros de distância, aumentando a tensão entre os dois grupos opostos. A Secretaria de Segurança Pública preparou um esquema de segurança especial para evitar confrontos. Desde as manifestações do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2015 e 2016, não se esperavam tantos manifestantes nas ruas brasileiras. Por uma questão de estratégia de ação, os adversários de Lula resolveram se dividir: hoje apenas o movimento Vem para Rua fará protestos a favor da condenação do ex-presidente. Eles estarão presentes em 19 estados, totalizando 42 cidades. Amanhã, será a vez do Movimento Brasil Livre (MBL) ocupar as ruas.

Nas redes sociais, 10 mil pessoas já confirmaram presença no protesto organizado pelo Vem Pra Rua em diversas cidades. Outras 11 mil estão interessadas em participar. Em Porto Alegre, a manifestação ficará concentrada no Parque Moinhos de Ventos. Segundo a própria descrição do evento, o grupo convoca “mais uma vez a sociedade brasileira para ir às ruas na defesa da Justiça”.

Eles acreditam que uma possível condenação em segunda instância “será o maior símbolo do fim da impunidade no Brasil”. Em Brasília, os grupos antagônicos também estarão próximos: às 18 horas, os adversários de Lula estarão concentrados na Praça dos Três Poderes. Às 19h, os defensores do petista prometem uma vigília em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo a porta-voz do Vem Pra Rua, Adelaide Oliveira, o grupo tem “bastante convicção” de que haverá a condenação do ex-presidente amanhã. “Nós não acreditamos que a participação da população possa interferir nesse julgamento especificamente. A gente acredita que o apoio possa fortalecer a Justiça de uma maneira geral para que ela tome julgamentos com maior autonomia”, afirmou.

Ela nega que os protestos sejam restritos a Lula, alegando que eles são uma forma de mostrar que a Justiça pode ser aplicada a todos, independentemente do réu. “Eu acho que se o mais poderoso, o homem que era inatingível, pode ser condenado, então outros também podem ser. Essa é a grande mensagem”, afirmou. “Fizemos um dia antes para que não se confunda que a nossa manifestação é especificamente para esse julgamento. O nosso protesto é em favor da Justiça como um todo para que ela seja efetiva e aplicada a qualquer cidadão”, comentou.

O Parque Moinhos de Vento também será palco para outros protestos amanhã, organizados pelo Movimento Brasil Livre (MBL). O chamado “Carnalula” tem mais de 1,5 mil confirmações de presença e outros 5,3 mil interessados em participar. “O que a gente busca é demonstrar que a justiça tem completo apoio da população”, afirmou o vereador Fernando Holiday (DEM-SP). Segundo um dos líderes do grupo, “mais que buscar um resultado de condenação, pretendemos mostrar que estamos na rua”, comentou. Ele também disse que está prevista uma manifestação na avenida Paulista, em São Paulo, com carros de som, e o boneco inflável gigante “Pixuleco”, representando Lula com roupa de presidiário.

Já os defensores do ex-presidente Lula estão desde ontem com manifestações que prosseguirão hoje e amanhã. Lula será a grande estrela de atos em Porto Alegre na tarde de hoje. Em São Paulo será amanhã, previsto, até o momento, para a Praça da República, na região central, mas que poderá ser alterado para o Largo do Batata, na Zona Oeste. A presença do ex-presidente na capital gaúcha foi confirmada no fim da tarde de ontem, quase de maneira simultânea, por Lula (em São Paulo) e pela presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann, que já está no Rio Grande do Sul. “É uma questão de coração”, disse a senadora.

Invasão

Os protestos começaram ontem. No Rio de Janeiro, um grupo de 150 manifestantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Levante Popular da Juventude e Frente Brasil Popular chegaram a invadir o térreo da sede administrativa da Rede Globo. Acabaram, por acordo com os dirigentes do prédio, acertando a permanência, até amanhã, na calçada em frente. “Não estamos impedindo os funcionários de entrar e sair da emissora nem tampouco atrapalhando o trânsito. Será uma manifestação pacífica, mas com o intuito de deixar clara a atuação política da emissora no caso do julgamento do Lula”, disse um dos dirigentes nacionais do MST, Paulo Henrique Campos.

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