"Isso pode Arnaldo?"

Lula admite que pediu libertação de sequestradores, filiados ao PT, do empresário Abílio Diniz a FHC

O ex-presidente e ex-presidiário e pré-candidato ao Planalto, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou que intercedeu junto ao então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em 1998, pela libertação dos sequestradores, filiados ao PT, do empresário Abílio Diniz. A declaração foi dada em evento do PT em Maceió, durante uma série de visitas do petista ao Nordeste.

Lula admitiu a participação no processo que culminou na extradição dos envolvidos, que eram estrangeiros, enquanto falava sobre sua amizade com o senador Renan Calheiros (MDB), um dos ministros da Justiça nos governos de FHC.

“Eles iam entrar em greve seca, que é ficar sem comer e sem beber, e aí é morte certa. Aí, eu então fui procurar o ministro da Justiça, Renan Calheiros, que depois de uma longa conversa me disse para falar com o presidente Fernando Henrique Cardoso, porque ele teria toda disposição de mandar soltar o pessoal”, disse Lula.

De acordo com Lula, FHC teria garantido que concederia a soltura se o petista convencesse os presos a encerrarem a greve de fome. Logo após, o ex-presidente diz que foi à cadeia onde estavam os detentos e pediu a palavra do grupo de que encerrariam a greve de fome para que fossem soltos. “Hoje não sei onde estão”, finalizou.

Em abril de 1998, no último ano do primeiro mandato de FHC, o governo federal deu andamento ao processo de extradição dos sequestradores estrangeiros, mas nunca admitiu relação da decisão tomada com a ameaça de greve de fome.

Caso Abílio Diniz – O empresário Abílio Diniz foi sequestrado em 11 de dezembro de 1989, em São Paulo, por um grupo de dez integrantes do Movimento de Esquerda Revolucionária (MIR). Dez pessoas foram presas por envolvimento no caso: cinco chilenos, dois canadenses, dois argentinos e um brasileiro. O grupo foi condenado a cumprir penas que variavam entre 26 e 28 anos de prisão.

Os sequestradores alegaram, à época, que a ação tinha fins políticos e que queriam dinheiro para financiar a guerrilha em El Salvador. O grupo de estrangeiros foi extraditado aos países de origem em 1998, e lá deveriam seguir cumprindo pena. Materiais da campanha de Lula à presidência foram, de fato, apresentados à imprensa como de posse dos sequestradores.

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