A Justiça acatou pedido do Ministério Público de Goiás (MPGO) e decretou, nesta sexta-feira (14/12), a prisão do médium João de Deus, acusado de abusar sexualmente de centenas de mulheres, segundo relatos de vítimas que têm se multiplicado nos últimos dias.
Até o momento, cerca de 450 denúncias foram protocoladas em Ministérios Públicos de 10 estados e do Distrito Federal. Coordenador do Centro de Apoio Operacional Criminal do Ministério Público de Goiás, Luciano Miranda Meireles avalia que as denúncias de abuso sexual envolvendo o líder espiritual João Teixeira de Faria tem potencial para alcançar uma dimensão maior do que o caso de Roger Abdelmassih.
O ex-médico de reprodução assistida foi condenado a 181 anos de prisão por estupro de pacientes. “Pela movimentação que estamos assistindo, o número de mulheres que se apresentam como vítimas deverá ser maior. Há relatos de abusos ocorridos há 20 anos.”
A Promotoria de Goiás requereu à Justiça a prisão preventiva de João de Deus na quarta (12). O médium alega inocência. Ele ficou famoso internacionalmente por suas sessões. Desde setembro de 2018, porém, várias denúncias de abuso sexual começaram a ser feitas por mulheres que iam às cerimônias conduzidas por João no Centro Dom Inácio de Loyola, onde realiza “cirurgias espirituais” em Abadiânia, no interior de Goiás.
O médium nasceu na cidade Cachoeira de Goiás no ano de 1942. Quando era adolescente saiu da pequena cidade, pois tinha descoberto seu “dom” como médium. Em 1976, fundou o Centro Dom Inácio de Loyola, onde recebeu várias personalidades como Bill Clinton, Chico Anysio e Hugo Chávez.
As vítimas que estão denunciando João de Deus são de Goiás, Distrito Federal, Minas, São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Pernambuco, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Pará e Santa Catarina.
Depois que as denúncias vieram à tona, na madrugada de sábado (8), no programa Conversa com Bial, da TV Globo, João de Deus desapareceu. Ele tentou retomar o atendimento na quarta, mas teria passado mal.
Ao descer do Ford Ka branco, por volta das 9h30 daquele dia, o líder espiritual que é conhecido mundialmente entrou na sala de orações e falou rapidamente com os seguidores. João de Deus ficou sete minutos na Casa e disse que “não tinha condições de trabalhar”.
“Meus queridos irmãos e minhas queridas irmãs, agradeço a Deus por estar aqui, mas quero cumprir a lei brasileira, pois estou na mão da lei brasileira. O João de Deus ainda está vivo. Que a paz de Deus esteja com todos”, declarou o médium. O encontro foi filmado pelos próprios seguidores.