Política
Itamaraty condena hostilidade a senadores em Caracas


O Itamaraty considerou inaceitáveis “os atos hostis” contra os senadores e disse que pedirá, por meio dos canais diplomáticos, esclarecimentos sobre o ocorrido ao governo da Venezuela.
“O governo brasileiro lamenta os incidentes que afetaram a visita à Venezuela da Comissão Externa do Senado e prejudicaram o cumprimento da programação prevista naquele país. São inaceitáveis atos hostis de manifestantes contra parlamentares brasileiros”, afirmou em comunicado o Ministério das Relações Exteriores.
O grupo de senadores, entre eles algumas das principais vozes de oposição ao governo da presidente Dilma Rousseff, como Aécio Neves (PSDB-MG), Aloysio Nunes (PSDB-SP), José Agripino (DEM-RN) e Ronaldo Caiado (DEM-GO), havia ido à Venezuela para se reunir com mulheres de opositores venezuelanos presos e se encontrar com algumas dessas lideranças, como Leopoldo López.
Sessão interrompida na Câmara
O episódio levou o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a emitir uma nota criticando o tratamento dado aos parlamentares. A Câmara dos Deputados também aprovou uma moção de repúdio. Uma sessão foi suspensa, o que levou ao adiamento da votação de uma das medidas de ajuste fiscal do governo Dilma Rousseff.
“Há relatos de cerco à delegação brasileira, hostilidades, intimidações, ofensas e apedrejamento do veículo onde estão os senadores brasileiros”, disse Renan em nota divulgada pela Presidência do Senado. “O presidente do Congresso Nacional repudia e abomina os acontecimentos narrados e vai cobrar uma reação altiva do governo brasileiro quanto aos gestos de intolerância narrados.”
Os relatos dos senadores são de que as vias de acesso entre o aeroporto de Caracas e o presídio onde López está detido foram interditadas. O ônibus que levava a comitiva, segundo os parlamentares, chegou a ser atacado por manifestantes pró-Maduro.
“Nós viemos em missão de paz, não viemos destituir governos. Nós viemos exigir democracia. E o que é mais alarmante é que o Brasil é hoje governado por uma ex-presa política, que não demonstra a menor solidariedade e a menor sensibilidade com o que vem acontecendo hoje com irmãos seus de luta no passado”, criticou Aécio, perante jornalistas, já de volta ao Brasil.
O vice-presidente da Venezuela, Jorge Arreaza, enviou para o celular de Lilian Tintori, mulher de López, uma mensagem de deboche sobre o ocorrido
“Se os senadores estão aqui é porque não têm muito trabalho por lá. Umas horas a mais ou a menos, dá no mesmo”, diz o texto enviado a Tintori.
López, de 44 anos, seria o primeiro que a comitiva tentaria visitar. Preso, ele esteve em greve de fome por 25 dias, e é acusado de incitar a violência durante as manifestações de 2014 contra o governo, que terminaram com 43 mortos.
Redação com ParlamentoPB