"Isso pode Arnaldo?"
Investigação da PF indica pagamentos do PCC ao The Intercept Brasil
A investigação da Polícia Federal (PF) sobre o Primeiro Comando da Capital (PCC) indica possíveis pagamentos da facção criminosa ao The Intercept Brasil. O site ganhou notoriedade depois de divulgar mensagens hackeadas de procuradores e juízes da Operação Lava Jato.
O documento apresentado pelo delegado Martin Bottaro Purper mostra uma espécie de prestação de contas entre os bandidos. Há uma lista de despesas com viagens, que previam encontros com ex-promotores, deputados e prefeitos, além de gastos com advogados, imóveis, cursos de especialização e assinaturas de revistas nacionais e internacionais.
O The Intercept Brasil negou ter recebido dinheiro do PCC. “Esta é uma ilação falsa”, alegou a direção do site, em nota enviada a Oeste. “O documento apresentado sequer [sic] aponta quem teria doado ou quanto.”
Confira na íntegra a nota do The Intercept Brasil
“O Intercept Brasil não recebeu dinheiro do PCC. Esta é uma ilação falsa, que não encontra nenhum respaldo na realidade. O documento apresentado sequer aponta quem teria doado ou quanto.
O Intercept recebe contribuições de mais 40 mil pessoas físicas, via a página ajude.intercept.com.br. As contribuições têm valor médio de R$ 40. Todos os nomes mencionados no referido documento foram checados em nossa base de doadores e não foram encontrados.
Contribuições de valores maiores são examinadas previamente e, caso sejam consideradas incompatíveis com a nossa missão, são recusadas.
Apesar de não haver menção ao nome da pessoa que supostamente escreveu tal relatório, é importante frisar que há no mesmo documento, imediatamente após a referência ao Intercept Brasil, itens relacionados a assinaturas de revistas nacionais e internacionais.
Portanto, dizer que o PCC financiou o Intercept é tão errado quanto dizer que o PCC financia a Revista Oeste ou qualquer outro veículo porque um de seus integrantes comprou uma assinatura ou clicou no anúncio de um dos vídeos do canal.”
Vazamento de mensagens – “Um pirata digital, até hoje sabe-se lá a serviço de quem, dessas coisas na história que nunca terão resposta certeira, entregou o tesouro a setores da imprensa ávidos por uma revanche contra a direita em curso no país”, escreveu Silvio Navarro, em reportagem sobre a Lava Jato.
O The Intercept Brasil foi o veículo de comunicação escolhido pelos hackers para divulgar mensagens privadas do ex-juiz Sergio Moro, do ex-procurador Deltan Dallagnol e dos demais integrantes da Operação Lava Jato.
“A partir dali, a narrativa seria: foi tudo um jogo combinado à revelia do processo legal e a hashtag #LulaLivre viraria bandeira dos derrotados nas urnas em 2018. Foi um golpe no fígado. Não é exagero afirmar que esse foi o estopim da derrocada da força-tarefa”, observou Navarro. “Meses se passaram e o então novo procurador-geral da República, Augusto Aras, escolhido pelo presidente, e sua copilota, a procuradora Lindôra Maria Araújo, decidiram interferir no coração da operação na capital paranaense.”
Navarro acrescentou que os terabites coletados durante anos foram levados a Brasília — inclusive, a mando do então presidente do Supremo, Dias Toffoli. Com a saída de Dallagnol, foi nomeado um substituto para chefiar o time, o procurador Alessandro José Fernandes de Oliveira.