Segundo o módulo Segurança Alimentar da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua, realizada pelo IBGE, 27,6% dos lares brasileiros estavam em estado de insegurança alimentar até o último trimestre de 2023. Isso representa 27,6% dos domicílios brasileiros (totalizando 21,6 milhões) e cerca de 64 milhões de pessoas. Dentro desse grupo, 18,2% experimentaram insegurança leve, 5,3% enfrentaram insegurança moderada e 4,1% lidaram com uma situação de insegurança alimentar grave. Houve uma redução de 3,3 pontos percentuais na proporção de domicílios com insegurança alimentar moderada ou grave em comparação com a pesquisa anterior. No entanto, o problema ainda afeta quase três em cada dez lares brasileiros. O IBGE utilizou a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar para classificar as residências nessa condição, que é dividida em três categorias: leve, moderada e grave. Os dados apontam que a falta de alimentos é mais prevalente em áreas rurais, em famílias lideradas por mulheres, em lares com pessoas pretas ou pardas e em domicílios com crianças. Além disso, famílias com rendimentos mais baixos e mais numerosas também enfrentam maior risco.
As regiões Norte e Nordeste apresentaram as menores proporções de domicílios em segurança alimentar, enquanto o Sul se destacou como a região com o maior número de domicílios nessa condição. A insegurança alimentar grave foi mais prevalente nas áreas rurais, com o Norte registrando quatro vezes mais casas nessa situação do que o Sul. Em relação ao perfil, homens e pessoas da cor ou raça branca eram maioria entre os responsáveis por casas em que as pessoas não passam fome. Domicílios com responsáveis de cor ou raça parda eram maioria entre os lares em insegurança alimentar, assim como aqueles com menor nível de instrução.
Metade dos domicílios em situação de insegurança alimentar moderada ou grave tinha renda per capita inferior a meio salário mínimo. As faixas de renda mais afetadas foram aquelas com renda domiciliar per capita de zero a um quarto do salário mínimo, de mais de um quarto a metade do salário mínimo e de mais de meio a um salário mínimo. Quanto à distribuição por faixa etária, a pesquisa revelou que 4,5% da população de zero a quatro anos de idade e 4,9% da população de cinco a 17 anos de idade conviviam com insegurança alimentar grave. Entre aqueles de 65 anos ou mais, essa proporção foi de 2,8%. Assim, considerando a distribuição dos moradores por grupos de idade, segundo a situação de segurança alimentar existente no domicílio, observa-se maior vulnerabilidade à restrição alimentar nos domicílios onde residem crianças e/ou adolescentes. À medida que aumentava a idade, crescia também a proporção daqueles que viviam em domicílios em segurança alimentar e diminuía, consequentemente, a proporção dos moradores em insegurança alimentar nos seus diversos níveis.
Fonte: Jovem Pan – Foto: Antonio Cruz