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Ibovespa cai e dólar sobe de olho em Bebianno em dia de feriado nos EUA

O Ibovespa mostra pessimismo em meio às incertezas geradas pela maior crise do governo de Jair Bolsonaro e seu ministro Gustavo Bebianno. O pregão ainda tem vencimento de opções sobre ações e feriado nos Estados Unidos – este último deve reduzir o volume de negócios por aqui.

Às 10h (horário de Brasília), o Ibovespa caía 0,34%, a 97.087 pontos. O contrato de dólar futuro com vencimento em março de 2019 tinha alta de 0,59%, cotado a R$ 3,725, e o dólar comercial avançava 0,43%, para R$ 3,718.

Os atritos com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, que ainda não teve sua exoneração confirmada, pesa sobre o humor dos investidores. No seu lugar, deve assumir general Floriano Peixoto, atual número dois da pasta.

“A fritura e a busca por sua vaga têm novamente os militares como protagonistas, na tentativa de isolar Onyx Lorenzoni, conhecido pelo seu ‘trato’ com as pessoas”, afirma Jason Vieira, economistachefe da Infinity Asset, em relatório enviado a clientes.

Os negócios neste início de semana devem ser influenciados também pela expectativa da assinatura da proposta da reforma da Previdência e envio ao Congresso na quarta-feira (20), mesmo dia em que Bolsonaro fará uma coletiva para dar mais detalhes da proposta, que é mais dura que o anteriormente proposta por Michel Temer – o que agradou o mercado financeiro.

Apesar de esse ainda ser ainda o primeiro passo, deve crescer o debate sobre a viabilidade da proposta e o apoio que o governo conseguirá, trazendo muita agitação para o mercado.

“À primeira vista, vemos a notícia como mais um dos ‘ruídos de curto prazo’ que devem agitar os mercados, por isso mantemos nosso viés bullish (otimista) para o longo prazo. No entanto, acompanharemos bem de perto estes desdobramentos para, se necessário, mudarmos rapidamente de opinião e de posição”, afirmam os analistas Matheus Soares e Thiago Salomão, da Rico Investimentos, em relatório enviado a clientes.

A saída do ministro, por si só, já demonstraria certa fragilidade no governo Bolsonaro, ressaltam os analistas da Rico, porque o presidente tinha em Bebianno um dos principais articuladores dentro do Congresso. Assim, os analistas monitoram se a crise desencadeada por Bebianno terá efeito positivo, negativo ou neutro no andamento da Reforma da Previdência.

Bebianno deu a entender, em entrevistas durante o fim de semana, que, se cair, levará mais gente com ele, o que pode aumentar a tensão política em Brasília.

Bolsas mundiais – As bolsas europeias operam em leve queda, em meio a novas complicações para o Brexit e à espera de avanços nas negociações comerciais de Estados Unidos e China.

Os índices estão pressionados por relatos de que um grupo de parlamentares do Partido Trabalhista britânico, de oposição, pretende renunciar em protesto à forma como o líder da legenda, Jeremy Corbyn, vem lidando com a questão do Brexit. O grupo, possivelmente formado por cinco legisladores, deverá fazer o anúncio ainda hoje, após semanas de pressão para que Corbyn mude de estratégia e inicie uma campanha para a realização de um segundo plebiscito sobre a permanência ou não do Reino Unido na União Europeia

Corbyn diz que só manterá a opção de um segundo plebiscito “na mesa” se o governo da primeiraministra britânica, Theresa May, não conseguir garantir com Bruxelas um acordo de Brexit que possa ser aprovado no Parlamento. O prazo final para que o Brexit ocorra é 29 de março.

As bolsas asiáticas encerraram em alta de olho nas reuniões entre representantes do governo chinês e norte-americano com o intuito de colocar fim à guerra tarifária entre os países.

No mercado de commodities, os preços do petróleo do tipo WTI sobem pelo quarto dia seguido com a queda nos embarques da Arábia Saudita, que prometeu cortar sua produção, e da Venezuela, que sofre com sanções dos Estados Unidos. O tipo Brent tem leve queda nos preços após a China reportar queda nas vendas de veículos em janeiro na comparação anual.

Crise no governo  – O mercado aguarda a confirmação da exoneração do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno. Sua demissão não consta na publicação regular do Diário Oficial da União, mas a oficialização ainda pode acontecer por meio de uma edição extraordinária do documento ou ainda por comunicado do governo.

Bebianno era presidente do PSL durante a campanha de 2018 e o partido vem sendo questionado pelo uso de R$ 400 mil do fundo partidário em benefício de uma candidata pouco expressiva em Pernambuco. A interferência do vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente, teve efeito incandescente sobre a crise gerada pelas denúncias ao chamar Bebianno de mentiroso e negar que o ministro tivesse falado sobre o caso com Bolsonaro, que endossou a declaração de Carlos.

Enquanto isso, a cúpula do governo trabalha para tentar reverter a agenda negativa e encerrar a crise o quanto antes. A aposta será principalmente no envio do pacote anticorrupção e na reforma da Previdência ao Congresso , prometidos para os dias 19 e 20, respectivamente. “O assunto terminou. A crise acabou. Ninguém mais vai falar sobre isso”, disse uma fonte palaciana ao jornal Valor Econômico

O vazamento da informação, ainda na sexta-feira (15), de que Bebianno seria demitido hoje serviu para engrossar o caldo da crise. Durante o fim de semana, Bebianno demonstrou estar magoado com Bolsonaro. “É um direito que ele tem exonerar quem ele quiser, é um governo dele”, afirmou ontem, acrescentando que não deve dar declarações logo após a confirmação de sua saída. “Agora é hora de esfriar a cabeça”, disse.

Embora a saída de Bebianno não tenha sido confirmada, a fila parece já ter andado. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, Bolsonaro convidou o general da reserva Floriano Peixoto a assumir interinamente o Ministério da Secretaria-Geral.

Reforma da Previdência – A proposta de reforma da Previdência deve ser enviada ao Congresso na quarta–feira (20). Logo depois de assinar o texto, o presidente Jair Bolsonaro fará um pronunciamento. Ele explicará a necessidade de mudar as regras de aposentadoria e de que forma a proposta será discutida no Congresso.

Somente na quarta-feira serão revelados detalhes como a proposta para aposentadorias especiais de professores, policiais, bombeiros, trabalhadores rurais e profissionais que trabalham em ambientes insalubres. Também serão informadas as propostas para regras como o acúmulo de pensões e de aposentadorias e possíveis mudanças nas renúncias fiscais para entidades filantrópicas.

Falta saber ainda como ficarão o fator previdenciário – usado para calcular o valor dos benefícios dos trabalhadores do setor privado com base na expectativa de vida – e o sistema de pontuação 86/96, soma dos anos de contribuição e idade, atualmente usado para definir o momento da aposentadoria para os trabalhadores do setor privado. Em relação aos servidores públicos, ainda não se sabe qual será a proposta para a regra de transição.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM), confirmou ao Broadcast Político que o senador Tasso Jereissati (PSDB) deve ser o escolhido para comandar uma subcomissão do Senado dedicada a acompanhar os debates sobre a reforma na Câmara dos Deputados. A ideia é que o Senado forme um grupo de sete parlamentares, que funcionaria como um colegiado atrelado à Comissão de Constituição e Justiça da Casa, para fazer “sugestões” aos deputados durante a primeira etapa de tramitação do projeto no Congresso.

Na avaliação de Alcolumbre, esta subcomissão vai “queimar etapas” para que o texto chegue mais “arredondado” no Senado e, assim, seja apreciado com mais celeridade.

Também na quarta-feira (20), governadores de todos os estados voltam a se reunir, pela terceira vez, em Brasília, para discutir a agenda econômica do país. Os chefes dos executivos estaduais esperam conversar diretamente com o ministro da Economia, Paulo Guedes. O Planalto não confirmou a presença do presidente Jair Bolsonaro.

 

 

 

 

 

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