Como a rotina dos astros de K-Pop, ser influenciador exige dedicação. Muito mais do que parece — principalmente na China, onde a ocupação é encarada quase como uma profissão distópica pelo público ocidental. Uma série de detalhes e histórias que viralizaram recentemente mostrou isso.
Como muitas das coisas que fazem sucesso nas redes sociais, os vídeos são curtos e com imagens impactantes. Um dos primeiros deles foi a chamada “escola de influencers”.
Um tuíte de 27 de novembro (já deletado) de 2020 mostra o que seria uma classe para treinar marketing e postura dos futuros influenciadores do país. No Reddit, a gravação foi chamada de “fábrica do TikTok”, um nome igualmente adequado.
No vídeo, é possível ver dezenas de mulheres em frente a ring lights enquanto treinam postura e formas de falar.
O conteúdo foi recebido de forma divisiva em ambas as redes sociais. Enquanto boa parte do público apontou que tudo parece um conto de “ficção científica”, outros disseram que ser uma personalidade de mídia social é uma profissão válida e em alta, e deve receber treinamento como qualquer outra.
“Isso é incrível, o mundo está mudando, novas [profissões] estão nascendo, alguns influenciadores hoje ganham mais dinheiro do que médicos”, apontou uma resposta ao vídeo, no Twitter.
Também nos comentários da gravação, foi revelado que a turma era de um curso da Yiwu Industrial and Commercial College, uma instituição de Xangai que oferece um curso de Influenciador Digital.
Ponte intransitável – Em dezembro de 2021, a chamada “ponte dos influenciadores” ganhou atenção mundial. O local, na província de Henan, se tornou um ponto disputado por streamers para fazer transmissões ao vivo. Mas quando centenas deles bloquearam todo o tráfego do local, a polícia precisar ser acionada.
A presença de influenciadores famosos atraiu os fãs deles, o que causou ainda mais aglomeração no ponto de trânsito. Ao redor, carros buzinaram sem parar.
O canal chinês South China Morning Post, que cobriu o caso, não informou o motivo exato da ponte ter chamado tanta atenção assim dos influenciadores.
Recentemente, uma thread no Twitter revelou que influencers do país também lidam de forma estranha e criativa com bloqueios de algoritmos de distribuição de conteúdo das redes sociais locais.
Para aumentar as chances de receber doações e inscrições de pessoas com mais dinheiro, streamers de certas regiões do país fazem transmissões debaixo de pontes de bairros ricos.
A maioria ddos participantes é mulher, e com empregos diurnos, de forma que os ganhos como influenciador são para complementar renda.
Da mesma forma, as imagens com filas de pessoas com light rings e computadores na rua, envolvidas em atividades similares, causou um efeito de estranheza em muita gente.
Mas a influenciadora Naomi Wu, especializada em cultura cyberpunk e criações eletrônicas estranhas, revela que existe também um caráter lúdico na atividade, muitas vezes não percebido por quem está do outro lado do mundo.
“Isso também é entretenimento para os artistas”, ressaltou Naomi no Twitter. Ela também lembra que influenciadores também fazem coisas bem esquisitas em outros países do mundo — e ela está completamente certa.
Uma história famosa é a do monte Neme, na Espanha, que tem um lago famoso pelas águas azul-turquesa. Influenciadores e usuários do Instagram foram em peso para lá e até nadaram. Mas logo ficaram doentes, vomitaram e logo descobriram que era um depósito tóxico apelidado de “Chernobyl galego”.
Em outro caso, uma influenciadora falsificou uma viagem caríssima em troca de alguns cliques. Pouco depois, outra imitou o mesmo esquema.
R7