O goleiro Julio César, demonstrando tensão em suas palavras, parecia incrédulo ao ter de explicar para a imprensa, após a partida, o fato de ter se tornado o goleiro da seleção brasileira que mais tomou gols em Copas do Mundo, totalizando 14. Ele buscava utilizar esta Copa, em seu país, para se recuperar da falha no primeiro gol da Holanda, na derrota brasileira por 2 a 1, que eliminou a equipe na Copa de 2010.
Na ocasião, ele saiu mal da meta e a bola alçada por Sjneider acabou entrando. Ao perceber que todas as suas expectativas de dar a volta por cima neste Mundial de 2014 foram implodidas nas últimas duas partidas (derrotas para a Alemanha e para a Holanda), ele não deixou de ironizar a si mesmo.
“Tem jogadores que entram para a história pelo lado bom, e tem aqueles que entram pelo lado ruim. Eu entro pelo lado ruim, mas ciente de que fiz de tudo para estar aqui. Agradeço a Deus por isso. Saio triste, mas com a consciência tranquila, vou dormir tranquilo sabendo que dei o máximo de mim para estar aqui”, disse.
Ele não admitiu, porém, que a frustração de 2014 seja maior do que a de 2010. E se prepara para não mais defender o país em Copas do Mundo, baseado no argumento de que ele já está com 35 anos.
“O sentimento é o mesmo em relação às duas Copas. Provavelmente esta foi a minha última Copa do Mundo. Fica difícil jogar no Mundial de 2018, até em termos de motivação,” confessou.
Apressado, o goleiro não quis revelar sua opinião a respeito das falhas da seleção brasileira nesta competição. Mas deixou a entender que a preparação não foi a ideal, em vários aspectos. Aliás, no início da Copa, em coletiva na Granja Comary, ele já havia dado indícios de que nem tudo estava correndo bem, contrariando as declarações da comissão técnica.
“Qualquer coisa que eu falar agora é complicado. Não é momento de ficar analisando o que houve de bom ou de ruim. Agora é esquecer um pouco, ir para casa, abraçar os familiares. E depois extrair tudo de positivo e negativo, botar na balança para convocações futuras”, contou.
Logo depois da entrevista, quem o abraçou foi justamente o holancês Sjneider, seu algoz em 2010, que atuou com Julio César na Internazionale de Milão. O goleiro retribuiu com um beijo, mostrando que o companheirismo estava acima de qualquer ironia do destino.
r7