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Fortalecido por de manifestações, Moro fala sobre vazamentos na CCJ da Câmara

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, visita a Câmara dos Deputados na terça-feira (02/07), às 14h, para falar aos deputados sobre “conversas” entre ele e investigadores da força-tarefa da Lava Jato. Moro julgou casos da operação quando era juiz federal em Curitiba (PR).

Ao todo, 27 deputados federais de oito partidos assinaram cinco requerimentos convidando o ministro a falar sobre o tema. A audiência será realizada por três comissões da Câmara: Constituição e Justiça (CCJ), Direitos Humanos e Minorias (CDHM) e Trabalho, Administração e Serviço Público (CTASP).

A maioria dos deputados que subscreveram os convites a Moro é de partidos de oposição, como PT, PSOL, PDT, PC do B e PSB. Mas há também representantes do DEM, do MDB e até do PSL.

Muito tranquilo, esta não é a primeira vez que Moro é convidado ao Congresso por causa dos vazamentos. Ele falou sobre as mensagens na Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal, em 19 de junho.

Na ocasião, senadores de oposição mantiveram um tom relativamente sereno ao questionar o ministro. O último convite aconteceu, na quarta-feira, 26 de junho, mas Moro cancelou dias antes, por causa de uma viagem oficial aos Estados Unidos.

No início de junho, o site jornalístico The Intercept começou a publicar reportagens, sem provas e baseadas em supostas trocas de mensagens.

Nada foi confirmado de maneira independente a veracidade das mensagens reproduzidas pelo The Intercept, mas a série de reportagens tem movimentado autoridades e políticos.

Desde a última tentativa dos deputados de ouvir Moro, novas reportagens foram publicadas sobre supostos diálogos do ex-juiz com procuradores. Numa delas, o jornal Folha de S. Paulo – que começou a colaborar com The Intercept no caso – afirma que o empreiteiro Léo Pinheiro, da OAS, só passou a ter a confiança dos investigadores depois de mudar sua versão sobre as acusações de propina envolvendo o ex-presidente Lula (PT).

Moro também chega à Câmara depois de manifestações em defesa dele e da operação Lava Jato. Apoiadores do ex-juiz foram às ruas no domingo (30/06) em pelo menos 70 cidades.

A reportagem ouviu brasileiros de diferentes classes sociais na passeata de São Paulo (SP) para conhecer suas motivações.

“(As conversas) só demonstram um juiz se esforçando para fazer Justiça. A Lava Jato prendeu diversos criminosos e agora estão querendo acabar com ela”, disse o cobrador de ônibus Edmar Rocha da Silva, que foi à Avenida Paulista com a mulher e o filho de cinco anos.

Moro comentou as manifestações no Twitter. “Eu vejo, eu ouço, eu agradeço. Sempre agi com correção como juiz e agora como Ministro. Aceitei o convite para o MJSP para consolidar os avanços anticorrupção e combater o crime organizado e os crimes violentos. Essa é a missão. Muito a fazer”, escreveu ele.

“Sou grato ao PR (presidente) Jair Bolsonaro e a todos que apoiam e confiam em nosso trabalho. Hackers, criminosos ou editores maliciosos não alterarão essas verdades fundamentais. Avançaremos com o Congresso, com as instituições e com o seu apoio”, tuitou Moro.

Ao falar aos senadores, em 19 de junho, Moro respondeu a perguntas durante oito horas e 30 minutos. Tomou a palavra 117 vezes, e nada menos que 43 dos 81 senadores se inscreveram para questionar o ex-juiz. Aos senadores, Moro repetiu várias vezes que é impossível ter certeza da autenticidade e da integridade do material divulgado pelo site. As palavras “autênticas” e “autenticidade” foram ditas 53 vezes ao longo da audiência, na maior parte das vezes, pelo próprio Moro.

Ele também criticou a cobertura realizada por The Intercept – os termos “sensacionalista” e “sensacionalismo” foram usados 72 vezes ao longo da sessão. Na maioria das vezes por Moro, novamente.

Desde que se tornou ministro da Justiça, ele já foi 10 vezes à Câmara e ao Senado. Na maioria das visitas anteriores, ele esteve no Congresso para falar sobre o seu projeto de lei conhecido como “Pacote Anticrime” – um documento de 34 páginas que tem por objetivo endurecer o combate à corrupção, ao crime organizado e aos crimes violentos.

Mas este não foi o único assunto de Moro com deputados e senadores até agora. Ele também já esteve no Congresso para, por exemplo, almoçar com o senador Wellington Fagundes (PL-MT), em 11 de junho; e para o lançamento da Frente Parlamentar da Segurança Pública da Câmara (20 de março).

com bbc brasil

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