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Filho do vice presidente da Fifa admite que vendeu seu ingresso da Copa

vice da fifaA Polícia Civil segue investigando o escândalo envolvendo jogadores, ex-jogadores, empresas relacionadas ao futebol, executivos e cambistas. A novidade é que, entre os ingressos apreendidos, um está registrado no nome de Humberto Mario Grondona, filho de Julio Grondona, que é presidente da Associação de Futebol da Argentina (AFA) e vice presidente executivo e presidente financeiro da Fifa. Já Humberto é membro da delegação argentina na Copa do Mundo, técnico da equipe sub-20 e instrutor da Fifa.

Após a divulgação de seu nome, Humberto concedeu uma entrevista para o canal TyC Sports. Ele admitiu que vendeu o ingresso para um amigo, mas não revelou o nome dessa pessoa. Ao repórter, ele declarou que não podia dizer de quem se tratava.

A porta-voz da Fifa, Delia Fischer, disse que não podia comentar a investigação em andamento. “A Fifa é muito firme. Se alguém violou alguma regra, será punido, mas não podemos tirar conclusões precipitadas”, declarou Delia.

Entre os ingressos apreendidos, 59 estão no nome de duas das 30 empresas credenciadas pela Match, que vende pacotes de hospitalidade e camarotes para o Mundial. Segundo a Polícia Civil, funcionários da Match serão chamados para depor e, caso não compareçam ou criem dificuldades, serão intimados. Na manhã desta sexta-feira (4), funcionários da Match estiveram na 18ª DP (Praça da Bandeira) para fotografar os tickets apreendidos com cambistas. De acordo com a Polícia Civil, a empresa irá colaborar com as investigações, tentando verificar pelo número de série dos ingressos, para quem foram doadas essas entradas. Dessa forma, a polícia espera chegar a mais nomes envolvidos no esquema.

Além da Match, a Pamodzi Sports Marketing Nigeria Limited, responsável pela venda de ingressos na Nigéria, e a Jet Set Sports, que é fornecedora exclusiva para Rússia, Suécia e Noruega também terão que prestar contas à justiça. As empresas também tiveram seus nomes gravados nos ingressos que foram apreendidos pela Polícia Civil e já foram chamadas para prestar explicações.

A Relliance, da índia, e a Atlanta Limited, dos Estados Unidos, estão na mesma situação. As empresas vendem pacotes de hospitalidade e ingressos. A Atlanta, inclusive, seria propriedade de Lamine Fofona, apontado como um dos mais poderosos membros da máfia, que já atua há quatro Copas do Mundo.

O advogado José Massih, que está preso, deve ser chamado para depor ainda hoje, mais uma vez. Em seu último depoimento, ele disse o primeiro nome de um integrante da Fifa envolvido no esquema, mas não soube informar o sobrenome. A Polícia disse nesta quinta-feira (3), durante uma coletiva de imprensa, que se tratava de um nome comum e, por isso, ainda estavam investigando quem poderia ser. Massih é advogado do franco argelino Lamine Fofona.

Os investigadores da Polícia Civil ainda têm cerca de 25 mil escutas para apurar, sendo algumas em inglês e francês. Durante a coletiva de ontem, o delegado da 18ª DP, Fábio Barucke, disse que a polícia espera esclarecer muitos pontos com as escutas restantes. Na manhã desta sexta-feira, Barucke participou de uma reunião no Palácio Guaranabara.

Aproximadamente às 15h desta sexta, um grupo de cambistas chegou a delegacia. A polícia ainda não divulgou quantos são e nem deu detalhes sobre a prisão do grupo. Estima-se que sejam cerca de 20.

Escândalo de ingressos estremece relação Grondona-Blatter

O escândalo pode fazer com que a Fifa venha até mesmo a cancelar as entradas em nomes dos Grondona, o que seria um golpe duríssimo contra a entidade e contra um dos principais aliados de Blatter.

“Se alguém violar alguma regra, ingressos podem ser cancelados e anulados. Mas precisamos ver quem está envolvido, o que aconteceu, e podemos sim cancelar e colocar de volta à venda ao público. Mas temos que ver como os ingressos terminaram nas mãos dessas pessoas”, disse a porta-voz da Fifa, Délia Fisher, fazendo questão de em nenhum momento citar o nome dos Grondona.

A Fifa diz que segue colaborando com a polícia do Rio, que diz ter o nome do alto dirigente da Fifa envolvido no negócio e que estaria hospedado no Copacabana Palace, onde estão apenas o presidente Joseph Blatter e membros do Comitê Executivo da entidade.

“Não posso comentar sobre investigações em andamento. Vamos receber informações da polícia. Precisamos nos basear na investigação da polícia. Somos muito firmes não podemos entrar em declarações precipitadas. Todos os ingressos recuperados vão ser checados e podem até ser recolocados no mercado. Temos que ver qual é o ingresso, de onde veio e tomar a decisão. E punir os responsáveis. Hoje há reuniões entre os especialistas de ingresso e a polícia”, afirmou Délia.

Blatter e Grondona estiveram lado a lado na última terça-feira em São Paulo quando a Argentina venceu a Suíça pelas oitavas de final. De acordo com o áudio da TV Argentina, quando perguntado sobre seu envolvimento, Humberto Grondona atacou. “A mim não vai manchar porque há 57 anos venho cuidando meu sobrenome”.

Ele disse que é instrutor da Fifa e por isso teve facilidade para comprar ingressos para todas as fases da Copa do Mundo e que chegou a pagar mais de 9 mil dólares por uma entrada. “Comprei porque sempre tenho amigos que querem ir aos jogos e posso dar entradas de presente”, disse, admitindo em seguida ter vendido entradas a um amigo “que vendeu a outro que vinha num voo privado com a família”. “Você acha que iria me sujar por US$ 220 dolares”, afirmou, em referência ao valor do ingresso de categoria 1, o mais caro.

Délia Fisher defendeu o sistema eletrônico de venda de ingressos da Fifa que afirmou não ser perfeito, mas um dos melhores de sempre. “Qualquer ingresso pode ser rastreado. Se eu comprar meu nome constará no ingresso e a Fifa pode rastrear. A gente tem uma pratica melhor comparada com o passado e é sempre uma luta contra os cambistas. Pelo menos agora os ingressos tem o nome do comprador, tem o chip e é uma coisa boa, já que estamos conseguindo identificar esses mecanismos e estamos lutando contra ele”, afirmou, ressaltando que a Fifa não vai punir ninguém baseado no que chamou apenas de rumores.

Blatter estará esta tarde em Fortaleza vendo Brasil e Colômbia, mas deverá evitar ir a Brasília neste sábado para ver o jogo entre Argentina e Bélgica e cruzar outra vez com Grondona. A Fifa disse seguir colaborando com a polícia brasileira, ressaltou o fato de que a legislação no Brasil prevê punições a quem revende entradas ilegalmente e pretende anunciar em breve o que vai fazer com os ingressos apreendidos. “Estamos analisando para saber se são válidas, de onde vieram e quem as vendeu”, repetiu Délia Fischer.

JB

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