Mercado

A BRF fechou 2017 com dívida de R$ 13,3 bi, é alvo da Carne Fraca e acumula prejuízos; Além da crise com Abilio

Noticiado em

Principal alvo da terceira fase da Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, a BRF vem enfrentando uma fase difícil nos negócios, com trocas no comando, prejuízo atrás de prejuízo e acionistas querendo tirar Abilio Diniz da presidência do Conselho de Administração.

A BRF é dona de marcas como Sadia e Perdigão. Além de carnes, também vende outros produtos, como margarina, sobremesas, sanduíches, maionese e ração animal. A empresa é a maior processadora de alimentos do Brasil e exporta para mais de 150 países.

Prejuízo Cresceu

A companhia acaba de registrar o maior prejuízo anual de sua história, o segundo consecutivo, e as ações caíram para o menor nível desde 2012.

No mês passado, a BRF informou que teve prejuízo líquido de R$ 784 milhões no quarto trimestre de 2017, uma piora em relação ao resultado negativo de R$ 442 milhões registrado um ano antes. A dívida líquida da BRF subiu de R$ 11,14 bilhões, ao final de 2016, para R$ 13,3 bilhões, em 2017.

Após a divulgação do balanço do quarto trimestre, Abilio Diniz afirmou que a empresa precisa recuperar sua credibilidade junto a analistas do mercado.

“Nós também fomos surpreendidos pelos números”, afirmou.

A empresa acumulou perda de R$ 1,1 bilhão no ano, a maior parte atribuída por ele aos efeitos da operação Carne Fraca. A primeira fase da operação foi deflagrada pela Polícia Federal em março de 2017.

Crise No Comando

Com as contas ruins, investidores liderados pelos fundos de previdência Previ e Petros solicitaram uma reunião de acionistas para substituir Abilio e todo o conselho.

Os principais acionistas já estão analisando possíveis substitutos. Abilio possui menos de 4% da BRF e perdeu apoio entre os maiores investidores, incluindo a Aberdeen Asset Management.

No domingo (4), a empresa informou que recebeu dos acionistas Petros e Previ proposta com chapa para o conselho de administração da companhia. “A BRF manterá seus acionistas e o mercado devidamente informados sobre qualquer nova informação relacionada ao presente comunicado ao mercado”, disse a companhia no comunicado assinado pelo seu diretor vice-presidente de Finanças e Relações com Investidor, Lorival Nogueira Luz Jr.

A BRF teve quatro diferentes presidentes desde 2013, e toda a sua diretoria foi substituída pelo menos duas vezes. Muitos dos executivos contratados tinham menos conhecimento do negócio comparados aos que deixaram a companhia.

Corte De Empregos, Recessão E Carne Fraca

Os gestores originalmente nomeados por Abilio cortaram milhares de empregos e reduziram a força de vendas da BRF de forma significativa, prejudicando a capacidade da empresa de chegar aos consumidores, segundo um relatório do HSBC.

A BRF reduziu a compra de frango e suínos de produtores integrados, que são baseados em compromissos de longo prazo, o que a tornou mais vulnerável à variação das matérias-primas.

Fatores externos, fora do controle de Abilio, também tiveram o seu papel na crise da BRF, como a pior recessão em um século no Brasil, uma forte alta nos preços do milho após a seca reduzir a produção nacional em 2016, e o escândalo da Carne Fraca.

Além disso, a JBS, o frigorífico controlado por Joesley e Wesley Batista, se tornou um rival de peso para a companhia após comprar a Seara, em 2013.

Como resultado, a participação da BRF no mercado doméstico de pratos prontos –a principal aposta de Abilio– caiu em 2016, com as margens de lucro no segmento caindo também.

(Com agências)

Mais popular

Copyright © 2016 - Portal S1 Todos os direitos reservados.