As tarifas de 50% anunciadas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, com vigência a partir de 1º de agosto, podem provocar um duro golpe na economia nacional. O Brasil tem até 1 de agosto para tentar negociar.
Um levantamento inédito realizado pelo grupo de pesquisa do Nemea-Cedeplar, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), aponta que a medida pode causar uma retração de 0,16% no PIB brasileiro — o equivalente a R$ 19,2 bilhões.
O estudo, considerado referência na área de comércio exterior e utilizado por conselhos de grandes multinacionais que atuam no Brasil, projeta ainda uma queda significativa nas exportações, que devem recuar R$ 52 bilhões. As importações também seriam afetadas, com redução de R$ 33 bilhões.
Um dos pontos mais preocupantes destacados pelos pesquisadores é o impacto sobre o mercado de trabalho: a estimativa é de uma perda de aproximadamente 110 mil empregos, representando uma diminuição de 0,21% no total de postos de trabalho do país.
A agropecuária seria a área mais atingida, com eliminação de cerca de 40 mil vagas. O comércio perderia 31 mil empregos, e a indústria, outros 26 mil.
Setores ligados à produção de máquinas agrícolas, aeronaves, equipamentos de transporte e alimentos de origem animal estão entre os mais afetados.
No segmento de tratores e máquinas para o campo, as exportações devem despencar 23,61%, enquanto a produção cairia 1,86%. Aeronaves, embarcações e outros veículos registrariam queda de 22,33% nas vendas externas e recuo de 9,19% na fabricação.
Entre os alimentos, a carne de frango e de porco também deve sentir o baque. O levantamento projeta redução de 11,32% nas exportações de carne suína e queda de 3,07% na produção. No caso das aves, a retração nas vendas ao exterior pode alcançar 11,31%, com a produção encolhendo 4,18%.
O setor têxtil também aparece entre os prejudicados. Artigos domésticos de tecido, fios, fibras e tecidos em geral devem apresentar declínio nas exportações entre 9% e 10%, acompanhados por retrações na produção entre 1% e 2%.
Já em termos geográficos, os estados mais prejudicados economicamente seriam São Paulo, com perda estimada de R$ 4,4 bilhões; Rio Grande do Sul e Paraná, com R$ 1,9 bilhão cada; Santa Catarina (R$ 1,74 bilhão) e Minas Gerais (R$ 1,66 bilhão). (Foto: EBC; Fonte: UOL)