Tão esperado jogo que não existiu em 30 de novembro de 2016 mobiliza Chapecó em ode à gratidão e solidariedade. Programação conta com seis eventos, além dos 90 minutos de bola rolando
Diz a Conmebol que a final da Recopa acontece nesta terça-feira, 19h15 (de Brasília), na Arena Condá, em Chapecó. Mas não leve isso a sério. Trata-se apenas de protocolo. A decisão começa bem antes. Na verdade, já começou. Com festejos marcados a partir de 14h, Chapecó mostrará que o encontro entre Chapecoense e Atlético Nacional é muito mais do que “apenas futebol”. Muito provavelmente, o duelo dos adversários mais unidos de todos os tempos, e desde 29 de novembro do ano passado.
É impossível não acordar nesta terça-feira como se estivesse saindo de uma máquina do tempo. Quem na Arena Condá não se imaginará naquele dia 30 de novembro? O jogo que não existiu. A homenagem que existiu. Tudo que cercou aquela quarta-feira estará na mente dos cerca de 20 mil presentes para decisão da Recopa – os ingressos estão esgotados. Sim, haverá uma partida, há questões desportivas que se reduzem a 90 minutos diante do todo que se espera.
Reconstruída, a Chapecoense chega para a partida embalada por cinco vitórias consecutivas e líder em todos os quesitos no Campeonato Catarinense. Os colombianos também chegam em boa fase. Em 11 partidas no ano, são oito vitórias, apenas uma derrota, e a liderança da liga local.
Expectativa alta também para o que acontecerá com bola rolando. Vale lembrar que a decisão não terá gol qualificado fora de casa, e o título será decidido em 10 de maio, em Medellín.
Homenagens
A “decisão” da Recopa começará para valer em Chapecó às 14h na praça Coronel Bertaso, no centro da cidade. Um palco foi montado em frente à catedral para mobilizar torcedores na primeira da série de seis atos em homenagem ao Atlético Nacional. Com feriado na cidade, a programação conta ainda com passeata até a Arena Condá, que será abraçada pelos torcedores, shows no gramado antes de a bola rolar, entrada dos times unidos, vídeos no intervalo e show pirotécnico no final. Haja coração!
Sobreviventes
Parte importante das homenagens será a participação de Alan Ruschel, Neto e Follmann no gramado. O trio estará na Arena Condá desde às 16h para uma série de ações e tem presença confirmada no vestiário para passar energia positiva para os companheiros. A expectativa é de muita emoção. Na manhã de segunda-feira, eles já se reuniram com os organizadores do evento e não se contiveram.
Reciprocidade
A decisão da Recopa será o auge de uma relação de irmandade poucas vezes vista entre adversários no esporte. Se a Chapecoense participa da Recopa, deve-se a decisão do Atlético Nacional de abrir mão do título da Copa Sul-Americana depois da tragédia de 29 de novembro. A decisão partiu dos próprios jogadores, e muitos ainda estão no elenco. A recepção dos colombianos em Chapecó, com homenagens espalhadas por toda cidade, é outro sinal da conexão eterna entre os dois alviverdes.
Reconstrução
Apesar de todas as homenagens e do cunho emocional da partida, não dá para desvencilhar da questão esportiva. E o título da Recopa seria a afirmação de que a Chapecoense está no caminho certo no processo de reconstrução. Depois de altos e baixos no início da temporada, a equipe engrenou no Catarinense, mas precisa ainda de uma grande provação. O revés em casa para o Lanús, pela Libertadores, deixou dúvidas, mas o duelo com o campeão da Libertadores será o tira-teima para equipe que contratou 24 jogadores e renasceu após a tragédia.
Data e local: Terça-feira, 04 de abril, às 19h15 (de Brasília), na Arena Condá;
Competição: decisão da Recopa, primeira partida;
Chapecoense: Artur Moraes; João Pedro, Grolli, Nathan e Reinaldo; Girotto, Luiz Antonio e Dodô; Arthur Kayke, Túlio de Melo e Rossi.
Atlético Nacional: Franco Armani; Daniel Bocanegra, Francisco Nájera, Alexis Henríquez e Farid Díaz; Diego Arias, Alejandro Bernal, Mateus Uribe e Macnelly Torres; Jhon Edison Mosquera e Dayro Moreno.
Transmissão: SporTV (com Julio Oliveira e Raphael Rezende). Globo Esporte