Com o sonho de voltar aos gramados e, também, à seleção brasileira, o goleiro Bruno Fernandes não está acompanhado os jogos da Copa do Mundo. A razão é simples: localizado no Norte de Minas Gerais, num local isolado onde o acesso é feito por uma estrada de terra batida, o Presídio de Segurança Máxima de Francisco Sá não tem sinal de rádio nem de TV. Bruno – que cumpre uma pena de 22 anos pelo assassinato de sua ex-amante, Eliza Samúdio – foi transferido para a unidade há exatamente uma semana. Ele ainda permanece isolado – o total são 10 dias – e, nesta quinta-feira, recebeu a primeira visita de seus advogados.
– Apesar de não ter TV nem rádio, o Bruno está gostando. No novo presídio, ele é tratado como um preso comum, ninguém o conhece. Para ele, essa transferência é um recomeço – disse Tiago Lenoir, um dos que defendem o goleiro.
Segundo o advogado, nessa primeira visita Bruno contou o que aconteceu no dia da transferência. O atleta disse que não conseguiu levar seus pertences:
– Ele estava num culto lá no Nelson Hungria (presídio em Contagem) quando um guarda foi falar com ele. O Bruno pediu para pegar suas coisas na cela, mas a única coisa que conseguiu carregar com ele foi a Bíblia. O resto ficou lá. E, sem TV ou rádio, Bruno tem lido a Bíblia. Hoje em dia, ele é um homem muito dedicado a Deus.
Sem seus pertences pessoais, Bruno tem usado sabonete e desodorante emprestados por outros presos. O primeiro Sedex com artigos de higiene pessoal – enviado pela esposa de Bruno, a dentista Ingrid Calheiros – só deve chegar a Francisco Sá nesta sexta.
O próximo passo dos advogados de Bruno será entrar com uma ação na Comarca de Francisco Sá pedindo para que ele saia para treinar. O goleiro tem contrato com o Montes Claros Futebol Clube, time da segunda divisão do campeonato mineiro. A sede do clube fica a cerca de 40 quilômetros do presídio.
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