O dólar caiu a menor cotação em dois anos e ampliou a desvalorização ante o real pelo sexto dia seguido nesta quarta-feira, 23, com novas pressões sobre as commodities, sobretudo o petróleo, e a expectativa de mais sanções do Ocidente à Rússia durante a viagem de Joe Biden à Europa.
A divisa norte-americana fechou com forte queda de 1,45%, a R$ 4,844, a menor cotação desde 13 de março de 2020, quando encerrou a R$ 4,816. O câmbio chegou a mínima de R$ 4,834, enquanto a máxima não passou de R$ 4,922. A divisa norte-americana encerrou a véspera com queda de 0,6%, cotado a R$ 4,915.
Impactada pelo clima negativo nos mercados internacionais, o Ibovespa, referência da Bolsa de Valores brasileira, encerrou com leve alta de 0,1%, aos 117.457 pontos. Este foi o melhor desempenho para o pregão desde o dia 6 de setembro de 2021, quando foi a 117.868 pontos.
Os investidores aguardam a agenda do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, com líderes europeus durante um encontro em Bruxelas, a partir desta quinta-feira, 24. Segundo o governo norte-americano, o grupo deve anunciar novas sanções à Rússia em resposta ao agravamento dos conflitos na Ucrânia.
Os EUA já anunciaram embargo total ao petróleo produzido por Moscou, e no início dessa semana autoridades europeias afirmaram que estudam tomar medida semelhante. O temor de novas restrições ao abastecimento da commodity leva o preço do petróleo tipo Brent, usado como referência na maior parte do mercado global, registrar nova trajetória de alta, voltando ao patamar de US$ 120.
O clima ficou ainda mais carregado após a Rússia anunciar a interrupção do fluxo no oleoduto de Caspian Pipeline Consortium (CPC), entre o território russo e o Cazaquistão, após uma tempestade atingir a região. Segundo autoridades, o quadro pode tirar de circulação até 1 milhão de barris por dia — o equivalente a 1% de toda a produção global.
A valorização das commodities atrai investidores estrangeiros para a Bolsa brasileira, predominantemente dominada por empresas ligadas à exploração energética e de minérios. O fluxo também é positivo pela escalada dos juros brasileiros, o que torna a renda fixa mais atrativa. O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, voltou a afirmar que o pico da inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve ser atingido em abril, para depois iniciar um processo de queda. A variação de preços foi a 10,54% no acumulado de 12 meses em fevereiro. Segundo Campos Neto, a autoridade monetária brasileira saiu na frente dos seus pares globais no aperto dos juros. “O Brasil tem sido mais atuante no combate à inflação, que nós entendemos que é mais persistente. A inflação contaminou os núcleos e hoje está acima das metas em serviço, comércio e indústria. Precisamos endereçar esse problema com serenidade e firmeza”, afirmou.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC elevou a Selic de 10,75% para 11,75% ao ano na semana passada e indicou novo acréscimo de 1 ponto percentual no encontro agendado para maio, mas deixou a “porta aberta” para a possibilidade ampliar o ciclo de alta. O mercado financeiro estima que os juros encerrem o ano em 13%.
com Jovem Pan