As duas visitas da presidente Dilma Rousseff à Paraíba numa única semana ainda causam repercussão política, mas alguns efeitos dos bastidores dessas viagens talvez só tenham impacto no segundo turno das eleições deste ano.É o caso, por exemplo, de se prestar mais atenção na forma como a presidente Dilma Rousseff tratou o governador Ricardo Coutinho (PSB) e como o governador se portou nas duas visitas.
Na verdade, pode-se dizer que Dilma e Ricardo trocaram afagos políticos nas barbas do PT da Paraíba, que faz dura oposição ao governador.
Basta verificar os fatos. Em São José de Piranhas, no instante da saída da presidente Dilma do túnel da transposição (Cuncas I), só o governador Ricardo Coutinho, de todos os políticos, foi chamado para acompanhá-la na viatura presidencial. Os demais políticos subiram de ônibus.
Em João Pessoa, o governador foi receber a presidente Dilma no aeroporto e também foi convidado a ir com ela, no carro reservado para transportá-la ao local do evento de entrega de certificados do Pronatec. Depois da solenidade, antes de sair, segundo muitas testemunhas, a presidente Dilma teria esperado dentro do carro por uns minutos até o governador chegar.
Pode-se alegar que a presidente apenas concedeu respeito ao governador anfitrião. Mas não foi só isso. Grande parte dos gestos de Dilma não foi protocolar. Arrisque-se, sem muito receio de erro, que a presidente Dilma pôs um viés político em suas atitudes para com o governador Ricardo Coutinho. Qual o interesse? O segundo turno das eleições.
Simples. Todas as avaliações de hoje indicam uma disputa nacional em segundo tempo entre Dilma e Aécio Neves, candidato do PSDB. Na Paraíba, a disputa poderá ocorrer entre o governador Ricardo Coutinho e o senador tucano Cássio Cunha Lima, aliado de Aécio. Neste caso, Dilma vai dispensar o apoio de Ricardo? Nunca. Virá atrás, quer o PT da Paraíba queira ou não. E Ricardo, por seu turno, não hesitará um segundo em declarar apoio à candidata petista porque vai querer o seu apoio no segundo turno aqui na Paraíba se tiver que concorrer com o PSDB. E aquele PT que hoje é radicalmente contra o governador Ricardo Coutinho terá que engolir tudo isso.
Não cabe outra leitura. Os fatos apontam para um único caminho. Nada de protocolo ou gestos de simpatia. Funcionou o senso político. Dilma e Ricardo flertaram e trocaram afagos nas barbas do PT da Paraíba de olho no segundo turno das eleições. Namoro de ocasião, mas fato é os dois podem acabar “ficando”.
Por Josival Pereira
