Podemos dizer que foi um fim de semana de muito calor humano para Diego. Das ofensas acompanhadas de empurrões no embarque para Fortaleza até o abraço coletivo na arquibancada do Castelão, o camisa 10 do Flamengo se viu no centro da maior turbulência do clube nos últimos anos. A vitória, a atuação e o gol no 3 a 0 diante do Ceará fazem com que o meia saia do olho do furacão não intacto, mas fortalecido.
A pressão não se transformou em omissão. Diego foi um dos jogadores que mais chamou o jogo diante do Ceará. Com maior liberdade para atacar, foi quem mais finalizou ao lado de Vinícius Júnior (quatro vezes) e não precisou se sacrificar tanto com os constantes recuos para ajudar na saída de bola – fato que o marcou nos últimos tempos.
O gol de cabeça aos 25 minutos da etapa final soou como redentor para quem parecia tentar manter a serenidade ao viver os dois lados da moeda na relação com o torcedor. Mais cobrado no embarque no Rio e no desembarque em Fortaleza, foi ele também o mais assediado no sábado de carinho dos cearenses, fosse no hotel ou no treinamento no Pici.
A feição, por sua vez, seguia intacta. Diego praticamente não sorria, assim como não reagia aos protestos. Ao ver a bola balançar as redes de Everson, porém, explodiu. Corrida desenfreado por toda extensão do gramado, driblando os companheiros, até se jogar nos braços da torcida que já tinha o abraçado no Castelão.
Não foram poucos os momentos em que o público que lotou o setor de visitante gritou o nome do camisa 10. O gol foi a retribuição, com direito a abraço, reverência e pose de joelhos com os braços abertos.
“Obviamente, é mais motivador ter o apoio dos nossos torcedores, mas a cobrança e a crítica fazem parte da nossa profissão. Não podemos confundir o nosso torcedor, que é um só aqui, no Rio ou no Rio Grande do Sul. E é maravilhoso”
“Procurei expressar todo meu respeito e carinho. Gostaria de sempre fazê-los felizes, mas nem sempre será possível”.
Foi o quinto gol de Diego em 16 partidas na temporada. No total, os números apontam para um rendimento que não justificam o excesso nas cobranças dos últimos tempos. São 29 gols e 13 assistências em 88 jogos, média próxima de participação em um gol a cada duas vezes que entra em campo. Questionado sobre os protestos, Diego manteve a serenidade que lhe é habitual em entrevistas:
“Tenho sentimento e são situações que não são fáceis. É complicado de absorver, mas tem que ser absorvido. Tenho bem claro na cabeça o que tenho que fazer e o respeito que tenho pelo torcedor. Em nenhum momento passou pela minha cabeça mudar de direção. É a realização de um sonho vestir essa camisa”
Com Diego em campo, o Flamengo soma 47 vitórias, 27 empates e 14 derrotas. O próximo compromisso é quarta-feira, no Moisés Lucarelli, em Campinas, pelas oitavas de final da Copa do Brasil. Depois de uma semana tensa, o meia terá pelo menos três dias de paz.