Artigo divulgado e endossado por Leonardo Boff na última sexta (21), assinado pela editora-executiva do jornal espanhol “El País” no Brasil, Carla Jiménez, trazia críticas a políticos citados nas delações de executivos e ex-executivos da Odebrecht, entre eles o ex-presidente Lula.
As redes sociais evidentemente não perdoaram ex-católico, que foi justamente acusado de abandonar a nau petista. Nesta segunda (24), porém, o teólogo socialista publicou outro post dizendo que as afirmações não eram dele, mas da jornalista espanhola.
Vale lembrar que Boff havia escrito esta introdução ao texto:“Enganam-se aqueles que eu, pelo fato de defender as políticas sociais que beneficiaram milhões de excluidos, realizadas pelos dois governos anteriores, do PT e de seus aliados, tenha defendido o partido.”
“A mim não interessa o partido, mas a causa dos empobrecidos que constituem o eixo fundamental da Teologia da Libertação, a opção pelos pobres contra a pobreza e pela justiça social, causa essa tão decididamente assumida pelo Papa Francisco. É isso que conta e por tal casusa lutarei a vida inteira como cristão e cidadão”, prossegue o teólogo, afirmando que foi preciso “vir alguém de fora para nos dizer as verdades que precisamos ouvir”.
Entre os principais trechos do artigo citado, estava o momento em que Carla Jiménez diz que Lula “mais do que os crimes a que responde, feriu de golpe a esquerda no Brasil”.
“Ajudou a segregá-la, a estigmatizar suas bandeiras sociais e contribuiu diretamente para o crescimento do que há de pior na direita brasileira. Se embebedou com o poder. Arvorou-se da defesa dos pobres como álibi para deixar tudo correr solto e deixou-se cegar. Martelou o discurso de ricos contra pobres, mas tinha seu bilionário de estimação. Nada contra essa amizade. Mas com que moral vai falar com seus eleitores?”, escreveu.
Ela também disse que o PT fazia parte da propinocracia do país.
“As diretorias da Petrobras era do PT, PP e PMDB. A Câmara, da turma do Temer e do Eduardo Cunha. O Senado, de Eunício Oliveira e Renan Calheiros, segundo delação de Delcídio do Amaral. As hidrelétricas de Furnas, do PSDB de Aécio, segundo Marcelo Odebrecht. O metrô de São Paulo, do PSDB paulista, segundo as investigações. E assim por diante. Está tudo ali, para quem quiser ver. Definitivamente, a propinocracia brasileira tem muitos reis.”
Deu pra trás
Agora, Boff diz que discordava da parte envolvendo Lula: “No referido artigo, Carla Jiménez, no final, faz críticas ao Lula o que considero, dentro da democracia, legítimo, embora não concorde”.
“Repito: tal crítica não é minha, mas da jornalista do El Pais. Repudio a má-fé de quem tirou do texto aquele tópico e falsamente afirma que a crítica foi feita por mim”, disse Boff, que não tinha deixado nada disso claro em seu primeiro texto. Lembre-se que ele disse antes que concordava com o artigo, de modo que dá a impressão de que ele tomou pressão de dentro do PT para escrever algo diferente, pois “concordo com o texto” é diferente de “concordo com o texto, menos quanto a parte envolvendo Lula”. Piada?
Jornal Livre