Casos de falsos orgânicos, leite contaminado e criação irregular de porcos faz morador querer plantar seus próprios vegetais.
Enquanto o Brasil tenta entender quais serão os efeitos práticos da Operação Carne Fraca, Hong Kong encontrou uma alternativa para lidar com a insegurança alimentar. A região já sofreu com escândalos envolvendo porcos que ingeriram substâncias irregulares para crescerem mais, leite contaminado com melamina tóxica e a falta de transparência no certificado para orgânicos.
De dez anos para cá, uma onda verde de plantio de vegetais voltados ao consumo humano tem se espalhado pelos telhados de casas e em topos de edifícios. Isso porque, quanto mais próximas do local de produção estiverem, mais seguras as pessoas se sentem em relação ao que comem. Em Hong Kong, a sensação de insegurança é agravada pelo fato de que 90% dos alimentos consumidos por seus moradores são produzidos além de suas fronteiras. A importação tende a aumentar, já que, há cinquenta anos, apenas 40% da comida tinha origem estrangeira. A produção local tenta romper com essa tendência também, ainda que numericamente não seja representativa.
Hoje já são 450 telhados verdes espalhados por Hong Kong, boa parte deles fruto do trabalho da empresa Rooftop Republic. Fundada por três jovens, a companhia criou uma verdadeira fazenda de arranha céus, aproveitando helipontos desativados e outros espaços sem função. A produtividade é garantida por sistemas de irrigação automática e plantio rotativo das espécies da estação, entre alface, batata-doce, espinafre, rabanete, couve, feijão e quiabo. Parte da colheita vai para um armazém onde é embalada em lancheiras e distribuída aos mais pobres. Já no canteiro próximo ao aeroporto, os frutos do plantio são levados para a casa dos funcionários de companhias aéreas. Todo o trabalho de cultivo fica a cargo da Rooftop Republic, mas cabe a cada cliente definir a finalidade dos alimentos.
Nos últimos dois anos, foram criadas, em média, uma nova fazenda por mês. Para este ano, a meta é criar cinquenta novos espaços produtivos. Nada mal para um mundo onde cada vez mais duvidamos do que comemos.
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