A Perseguição

Deputados Sóstenes e Jordy, do PL, são alvos de busca e apreensão da PF

A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta sexta-feira (19), uma nova fase de investigação que tem como alvos os deputados federais Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e Carlos Jordy (PL-RJ).

A ação apura suspeitas de suposto desvio de recursos públicos provenientes da cota parlamentar, verba destinada a custear despesas do exercício do mandato.

Ao todo, os agentes cumprem sete mandados de busca e apreensão no Distrito Federal e no Rio de Janeiro, todos autorizados pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino.

Durante o cumprimento das ordens judiciais, a PF apreendeu aproximadamente R$ 430 mil em dinheiro em um dos endereços ligados a Sóstenes Cavalcante, que atualmente ocupa a liderança do PL na Câmara dos Deputados.

Além dos parlamentares, assessores vinculados aos dois deputados também foram incluídos como alvos da operação. Segundo as autoridades, não houve diligências nos gabinetes parlamentares dentro da Câmara.

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), informou que foi comunicado oficialmente sobre a operação ainda pela manhã. De acordo com ele, o aviso partiu do diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, que explicou o alcance da ação e os limites das buscas realizadas.

Carlos Jordy se manifestou publicamente por meio das redes sociais e reagiu com críticas à operação. Em uma publicação feita na plataforma X, o deputado afirmou ser alvo de perseguição.

“Hoje, no aniversário da minha filha, a PF fez busca e apreensão novamente na minha casa por determinação de Flávio Dino”, escreveu. Em outra postagem, o parlamentar classificou a investigação como uma “perseguição implacável!”.

Em nota oficial, a Polícia Federal detalhou que as apurações indicam a atuação coordenada de “agentes políticos, servidores comissionados e particulares” com o objetivo de desviar e ocultar recursos públicos.

A ação recebeu o nome de Operação Galho Fraco e é considerada um desdobramento de uma investigação iniciada no fim de 2024. Os crimes apurados incluem peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

A cota parlamentar é um valor mensal destinado a deputados e senadores para cobrir despesas relacionadas ao mandato. Na prática, o mecanismo funciona de forma semelhante a um “cartão corporativo”, permitindo o reembolso ou pagamento direto de diversos gastos.

O montante disponibilizado varia de acordo com o estado de origem do parlamentar, tendo como base, entre outros critérios, o custo médio das passagens aéreas até Brasília.

Além de despesas com transporte, a verba pode ser utilizada para alimentação, aluguel de veículos, abastecimento, uso de aeronaves, manutenção de escritórios nos estados, pagamento de contas básicas e outros custos operacionais.

No caso dos deputados do Rio de Janeiro, como Sóstenes Cavalcante e Carlos Jordy, o valor mensal da cota é de R$ 41.553,77. Sóstenes recebe ainda um adicional de R$ 1.353,04 por exercer a função de líder partidário na Câmara.

A atual fase da Operação Galho Fraco teve origem em uma ação realizada exatamente um ano atrás. Em 19 de dezembro do ano passado, a Polícia Federal deflagrou a operação Rent a Car, que teve como foco assessores ligados aos dois parlamentares. Naquela ocasião, os deputados não foram diretamente atingidos pelas diligências.

Segundo investigadores, foi a partir do material recolhido junto aos assessores — como mensagens de celular, depoimentos e análises de dados — que surgiram indícios suficientes para avançar sobre os parlamentares.

As apurações apontam que o um suposto esquema envolvia a celebração de contratos falsos com locadoras de veículos, usados para justificar despesas e viabilizar o desvio de recursos da cota parlamentar.

No ano passado, tanto a Procuradoria-Geral da República (PGR) quanto o ministro Flávio Dino se manifestaram contra a realização de buscas diretamente contra os deputados.

Carlos Jordy divulgou nota e vídeo reiterando que não cometeu irregularidades e voltou a afirmar ser vítima de perseguição política. Até o momento, Sóstenes Cavalcante não se pronunciou publicamente sobre a operação.

Mais popular