É questão de tempo o assunto voltar a ser discutido no Congresso. A dúvida é se a votação fica para antes ou depois das eleições. Na quarta-feira, o presidente da Casa, senador Eunício Oliveira (MDB-CE), acenou com a possibilidade de votação no próximo mês. “O Congresso pode votar em setembro ou pode ficar para depois das eleições. Precisamos ver como virá o projeto orçamentário”, disse. Ontem, no entanto, adotou outra postura, sustentando que a pauta será analisada sem pressa. “Vamos verificar, fazer um debate sobre isso sem açodamento.”
A expectativa é de que a votação fique para depois das eleições. Às vésperas do pleito, senadores vão evitar discutir um assunto tão polêmico, avalia o cientista político David Fleischer, professor da Universidade de Brasília (UnB). “Dificilmente terá quórum para votar o orçamento antes das eleições. Então, vai ficar para novembro, e os parlamentares não terão receio de aprovar”, avaliou. Para o especialista, o fim da corrida eleitoral também pode encorajar deputados e senadores a colocarem no orçamento o aumento salarial parlamentar.
O vice-líder do DEM no Senado, José Agripino (RN), disse que ainda não tomou conhecimento do texto. Para ele, tanto o reajuste do Judiciário como um aumento nos salários dos parlamentares, será feito somente após debate e reflexão. “Serão decisões a serem bem refletidas e discutidas”, declarou.
O reajuste do Judiciário, pelo menos oficialmente, preocupa o Planalto. O presidente Michel Temer não pediu que o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Carlos Marun, articule com senadores a derrubada do projeto. Interlocutores do emedebista dizem que o momento é de observar. Na visão de Marun, no entanto, é um momento apreensivo. “É um conflito entre o justo e o possível. Eu tenho preocupações em relação à possibilidade (do reajuste), já que o Brasil adia a tomada de determinadas atitudes que temos e teremos que tomar.”