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Delegações sírias e potências se reúnem a partir desta quarta na Suíça

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Depois de longos meses de quedas de braço diplomáticas, os delegados sírios e representantes internacionais chegaram a Montreux na Suíça nesta terça (21) para iniciar discussões para asegunda reunião internacional que tenta, sem otimismo, um acordo de paz na turbulenta Síria, que sofre com uma guerra civil de quase três anos.

A pequena cidade balneária de 15 mil habitantes viu durante todo o dia a chegada dos participantes. O secretário de Estado americano, John Kerry, procedente de Genebra, deve viajar ainda nesta madrugada para Montreux. Já o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, chegou na tarde de terça à cidade. a pelo ministro das Relações Exteriores Walid Mouallem, e da oposição chegaram na noite desta terça a Montreux.

Os negociadores do presidente Bashar al-Assad desembarcaram em Genebra com bastante atraso, devido a problemas durante uma escala em Atenas. O avião que transportava a delegação oficial síria ficou várias horas bloqueado na capital grega, por motivos ainda não divulgados.

Os representantes da oposição chegaram um pouco mais cedo, também nesta terça à noite.
“Chegaram a Montreux. Estão no hotel”, declarou a fonte consultada pela AFP, que pediu para não ser identificada.

Os opositores do presidente sírio, Bashar al-Assad, pressionados por aliados ocidentais a participar das primeiras negociações diretas marcadas para quarta-feira, renovaram sua exigência de que Assad tem de deixar o poder e ser julgado por um tribunal internacional por crimes de guerra, citando novas evidências fotográficas de tortura generalizada e matanças por parte do governo sírio.

Advogados especializados em crimes de guerra disseram que um vasto arquivo de imagens contrabandeadas, de um fotógrafo da polícia militar síria, é uma clara amostra de abusos sistemáticos e do assassinato de cerca de 11.000 presos.

Um dos três ex-promotores internacionais de crimes de guerra que assinam o relatório comparou as fotos da Síria com a “escala de matança industrial” dos campos da morte nazistas.

Assad insiste em que pode ser reeleito neste ano e diz que as conversações deveriam se concentrar no combate ao “terrorismo” – o termo que usa para seus inimigos.

A Organização das Nações Unidas e os copatrocinadores da conferência, a Rússia e os Estados Unidos, poderão pelo menos ficar aliviados se e quando as duas partes se sentarem para negociar no hotel Montreux Palace, no Lago Genebra.

Caos diplomático
A segunda-feira foi marcada por uma confusão diplomática que ameaçou inviabilizar a reunião, depois que o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, fez um convite de última hora para o Irã, principal aliado estrangeiro de Assad, participar da conferência.

O convite foi retirado depois de uma ameaça de boicote da oposição, pressão de países ocidentais e a insistência do Irã de que não havia concordado com a condição fixada por Ban para sua presença – que endossasse uma conferência de paz anterior, em 2012, a qual pedia que Assad abrisse caminho para um governo de transição.

Diminuir o fosso entre as duas partes em guerra parece uma tarefa gigantesca. Diplomatas da ONU enfatizam que o encontro em Montreux na quarta-feira, a ser possivelmente seguido de novas conversações em Genebra a partir de sexta-feira, está apenas começando. Poderia resultar em alguns acordos para aliviar o sofrimento dos civis e troca de prisioneiros.

Não só as duas partes estão comprometidas a lutar nas linhas de frente, onde a vitória ainda continua a escapar dos dois lados, mas a maioria na miríade de grupos rebeldes repudiou a organização opositora Coalizão Nacional, no exílio, por ter aceitado participar das conversações.

E embora o mediador da ONU, Lakhdar Brahimi, teoricamente tenha o apoio consensual das potências mundiais, o alvoroço causado pelo convite ao Irã ilustra como a guerra distanciou potências ocidentais da Rússia e colocou contra o Irã xiita os Estados árabes sunitas, que apoiam os rebeldes.

O presidente russo, Vladimir Putin, e o mandatário dos EUA, Barack Obama, mantiveram por telefone uma conversa “construtiva e voltada para negócios” sobre a Síria, disse o Kremlin. O chanceler russo, Sergei Lavrov, e o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, devem se reunir mais tarde em Montreux.

No entanto, a disseminação da violência, que já matou mais de 130.000 pessoas e levou um terço dos 22 milhões de habitantes da Síria a deixarem suas casas, fez com que surgisse um novo ímpeto para os esforços internacionais para deter o derramamento de sangue.

Já se passaram 18 meses desde que a conferência internacional de paz anterior, chamada Genebra 1, terminou em fracasso, e todas as outras iniciativas diplomáticas se mostraram infrutíferas.

“Na melhor hipótese, Genebra 2 vai reafirmar acordos feitos durante a primeira conferência de Genebra, pedir cessar-fogos, talvez trocas de prisioneiros e assim por diante”, disse um diplomata ocidental.

“Ao mesmo tempo, quem participa das conversas está, na prática, dando legitimidade a Damasco. Eles estão conversando com o governo de Assad do outro lado da mesa. E, portanto, o show deverá continuar enquanto Assad permanece no poder.”

Em declaração na chegada à Suíça, o secretário-geral da Coalizão Nacional e membro de sua equipe de negociadores, Badr Jamous, disse à agência de notícias Reuters: “Nós não vamos aceitar menos do que a remoção do criminoso Bashar al-Assad, a mudança do regime e a responsabilização dos assassinos.”

O diálogo poderá aumentar, contudo, a luta interna entre as facções oposicionistas rivais, que já é bastante violenta. A conferência está sendo boicotada pelas poderosas facções islamitas sunitas que controlam parte substancial território sírio. Elas qualificam a oposição política no exílio como traidora por participar das conversações.

O secretário-geral da ONU chegou a Genebra depois de quase ter dinamitado as negociações com o convite feito ao Irã. Seus assessores o afastaram das perguntas dos repórteres sobre o caso.

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