Entrevista

Dallagnol convoca manifestantes para 4 de junho e rebate piadas sobre cassação: vídeo

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Nesta sexta-feira, o programa Pânico recebeu o deputado federal cassado Deltan Dallagnol. Em entrevista, ele falou sobre brincadeiras e piadas em relação à cassação de seu mandato. Nas redes sociais, um perfil ligado ao governo federal fez postagem em referência ao PowerPoint de 2016 em que Dallagnol detalhou as investigações contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Lava Jato. “Não estão caçoando de mim, estão caçoando da democracia. O discurso sempre foi da boca para fora. Por isso não assinei aquela carta [pela democracia, lida na USP]. Estão caçoando dos eleitores, dos brasileiros. Eles querem subordinar a democracia ao projeto deles”, disse o ex-deputado. Deltan ainda falou sobre sua relação com o presidente da Câmara Arthur Lira e a reação de seus eleitores no Paraná. “Essas pessoas não viraram as costas para mim, elas sempre tiveram as costas viradas para mim. São pessoas que têm hoje poder para tomar posição. Preciso ter respeito e cuidado muito grande, agora, são pessoas que estão aí há décadas e todos conhecem quem são. Ao mesmo tempo que vejo um sistema reagindo à Lava Jato, vejo um suporte muito grande das pessoas, independentemente de quem votaram. Nas ruas, pessoas me abordam chorando. Pessoas de outros gabinetes chorando, dizendo que é uma grande injustiça”, pontuou.

No domingo, dia 4 de junho, o lavajatista afirmou que participará de manifestações convocadas pelo MBL em defesa da justiça, da democracia e da liberdade de expressão. “Toda turma do bolsonarismo, pessoas do MBL, do lavajatismo e independentes dizendo que isso foi um absurdo. Vejo várias pessoas reconhecendo equívocos e dispostas a se unir. Se a gente ficar omisso, [os atuais governantes] vão ficar 30 anos. Se a gente se posicionar, não vão ficar. A gente precisa unir, dividir para conquistar. O Janones está comemorando nossa desunião. É isso que a gente quer? Que eles vençam e dar razão para o Janones?”, questionou.

Deltan ainda afirmou que defenderia mandatos independentemente do político em questão e citou Nikolas Ferreira, Gleisi Hoffmann e Gustavo Gayer como exemplos. “A gente tem que passar por cima das discordâncias, está na hora de unir o país. (…) O parlamento é a casa do povo, ele ouve o povo e treme quando o povo vai às ruas. Eles precisam responder ao clamor das ruas, hoje está todo mundo acuado porque as pessoas estão em suas casas, também com medo, algumas buscando vingança e outras omissas. A gente precisa do caminho do meio, que é o da Justiça, do amor e da indignação, unindo a direita. Todos os partidos se uniram em torno da ideia de manifestação. A gente tem que unir as pessoas nas ruas como a gente uniu no parlamento, vai repetir o erro do passado. Foi a divisão que nos levou à derrota nas ruas no ano passado. Amanhã, se tiver o Gayer sendo cassado, eu vou defender. Eu não estou por pessoas, estou por causas e valores”, acrescentou.

O ex-procurador comparou decisões de Justiça atuais com a sua passagem pela Lava Jato e afirmou que a operação não se excedeu. “O poder que a Lava Jato exerceu é o poder que os juízes sempre tiveram e têm. É o poder de examinar fatos, aplicar a lei e punir pessoas que praticam crimes. Na Lava Jato, o que existia era uma discussão de supostos excessos, mas sempre em cima da interpretação da lei. A Lava Jato seguiu as regras do jogo, ainda que os advogados possam discutir a interpretação. Agora não tem nada disso”, opinou. “A linha da lei está lá atrás, ninguém na Lava Jato ficou preso por mais de um mês sem acusação criminal. Anderson Torres foi três, quatro meses. Isso não existe, se fizéssemos na Lava Jato eu era expulso do Ministério Público e a gente iria responder por abuso de autoridade. Na Lava Jato, ninguém obrigou uma plataforma de rede social [Telegram] a dizer ou não dizer alguma coisa. Ninguém na Lava Jato colocou alguém na cadeia sem individualizar o que a pessoa fez, as provas em relação à pessoa. O que me assusta é ver pessoas que criticavam a Lava Jato e estão quietos. Estavam defendendo corruptos de estimação”, concluiu.

JPan

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