Juros

Copom mantém Selic em 6,5% ao ano pela quarta reunião seguida

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a Selic (taxa básica de juros) em 6,5% ao ano pela quarta reunião seguida.  A decisão, anunciada nesta quarta-feira (19/9) após o segundo dia do encontro dos oito diretores mais o presidente da instituição, Ilan Goldfajn, foi unânime, mas o órgão não descarta riscos à frente.

De acordo com o comunicado do BC, os indicadores recentes da atividade econômica “evidenciam recuperação da economia brasileira, em ritmo mais gradual que o vislumbrado no início do ano”. “O cenário externo permanece desafiador, com redução do apetite ao risco em relação a economias emergentes. Os principais riscos seguem associados à normalização das taxas de juros em algumas economias avançadas e a incertezas referentes ao comércio global”, afirmou a nota. Para a autoridade monetária, as diversas medidas de inflação subjacente “se encontram em níveis apropriados” e afirmou ainda que reformas e ajustes são “essenciais” para que o custo de vida  continuem em níveis baixos em médio e longo prazos e para a queda do juro estrutural e recuperação sustentável da economia.

A manutenção da Selic era esperada pelo mercado e as apostas são de manutenção do patamar atual até o fim deste ano. Na avaliação de Carlos Pedroso, economista sênior do Banco MUFG Brasil, essa manutenção é justificada porque, pelas projeções do mercado, a inflação tem se apresentado abaixo do centro das metas deste ano, de 4,5% anuais, e da de 2019, de 4,25%. Para ele, apesar das pressões no câmbio e nos preços da gasolina, o risco de contaminação no custo de vida que possa exigir uma atuação da autoridade monetária é pequeno.  “Em termos de cumprimento de meta não há problema. Se o cenário-base, considerando algum avanço de reformas, prevalecer, o BC deverá manter a Selic em 6,5% até o fim do ano e só retomar um novo ciclo de alta a partir de fevereiro de 2017, quando a economia deverá apresentar de sinais de uma recuperação mais acelerada, crescendo 2,5% pelas nossas projeções”, apostou.

A próxima reunião do Copom está marcada para os dias 30 e 31 de outubro.

Juros ainda elevados – O ciclo de redução da Selic foi iniciado em outubro de 2016, quando a taxa estava em 14,25% ao ano, mas o processo foi interrompido em 21 de março deste ano, quando atingiu o patamar atual, o menor da história.

No entanto, conforme um levantamento da Infinity e do portal MoneYou, o Brasil ainda tem a quarta maior taxa básica de juros real do planeta, de 4% ao ano, conforme cálculo descontando a inflação projetada para os 12 meses a frente. O ranking com 40 países pesquisados é liderado por Argentina, com 18,20% ao ano, seguido por Turquia, com 13,93% anuais, em segundo lugar. Na terceira posição está a Rússia, com 6,01% ao ano. O país com a menor juro real é a Áustria, de -2,30% ao ano. A média geral é de 0,79% ao ano.

Mais popular